Sanchéz rompe negociações com Podemos

Líder socialista dificilmente será investido como primeiro-ministro espanhol na próxima semana.

A probabilidade de Pedro Sánchez, primeiro-ministro espanhol em funções, tomar posse no dia 23 ou 25 de julho são cada vez mais escassas. O líder do Partido Operário espanhol (PSOE) deu as negociações com o Unidas Podemos como encerradas, depois de o líder da plataforma, Pablo Iglesias, ter anunciado uma consulta às bases do seu partido para perguntar qual deve ser o sentido de voto do Podemos na próxima semana.

“É a primeira vez em 40 anos que o candidato a primeiro-ministro faz uma proposta deste tipo e encontra a resposta de que é uma idiotice”, atirou Sánchez numa entrevista à Cadena Ser. “Fê-lo em 2016 e agora parece querer voltar a votar contra um candidato socialista”. “Votará ao lado do Vox”, completou o primeiro-ministro. 

A primeira reação às palavras de Sánchez veio de Alberto Garzón, líder da Esquerda Unida, parceiro eleitoral do Podemos. “Pedro Sánchez acusa-nos de não ter maioria absoluta. E leva três meses assim, movendo-se em círculos, à espera que a maioria apareça por magia ou chantagem”, respondeu Garzón pelo Twitter.

O PSOE e o Unidas Podemos têm-se desdobrado em encontros durante os últimos dois meses e meio, depois das eleições legislativas no final de abril. Os dois líderes chegaram mesmo a anunciar um “Governo de cooperação”, no início de junho, sem nunca ter chegado a acordo sobre os moldes programáticos ou a composição do Executivo. Para Sánchez, o ideal seria um Governo apenas do PSOE, que no máximo incluísse alguns ministros propostos pelo Podemos, mas que não fizessem parte da direção do movimento. Tinham, portanto, que ser independentes e de ter um caráter “técnico” e não “político”.

Uma proposta que Iglesias nunca aceitou. O secretário-geral do Podemos queria um Governo de coligação, onde atuaria como vice-primeiro-ministro. Mas, na sexta-feira passada, Iglesias decidiu anunciar um referendo, a realizar-se na quinta-feira, dias antes da investidura, a perguntar se o partido devia aceitar a proposta dos socialistas ou continuar a exigir um Governo de coligação “integral”. Caso o PSOE falhe a investidura até ao dia 25, Espanha voltará a ter eleições em novembro.