Exame de Português tinha texto de Camões fora do programa e o de Matemática uma pergunta sem resposta

Sociedade Portuguesa de Física sublinha que prova de segunda fase foi das mais difíceis de que há memória

Os alunos do 12.º ano que fizeram o exame nacional de português na segunda fase foram surpreendidos por um excerto de os Lusíadas de Luís de Camões que não fazia parte do programa da disciplina.

A questão foi denunciada por uma professora junto do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), que, citado pelo jornal Público, justificou a questão com a necessidade de avaliar as “capacidades de interpretação” em vez de mera reprodução de conhecimentos. No entanto, ainda que a resposta oficial possa fazer algum sentido, a introdução de uma pergunta fora do programa levanta um problema de desigualdade face aos alunos que prestaram prova na primeira fase ou em anos anteriores, que pode dizer-se que tiveram um grau de dificuldade inferior por terem sido avaliados com base em textos já estudados nas aulas.

Mas, os problemas com os enunciados dos exames não ficaram por aqui, a prova de Matemática Aplicada às Ciências Sociais (MACS) continha um “erro grave”, segundo um professor que também alertou o IAVE.

Este docente garante que a hipótese – da forma como está formulada – “não tem resposta”.

Confrontado com o assunto, o IAVE garantiu ao professor que pergunta tinha sido “caucionada por peritos”. No entanto, quando questionado pelo Público, o mesmo instituto admitiu existir uma “fragilidade” na formulação da pergunta, sublinhando contudo que não terá, “previsivelmente, qualquer impacto na resolução nem terá na sua classificação”.

As críticas aos exames da segunda fase de Português e de MACS, uma disciplina que está no currículo dos alunos de Línguas e Humanidades, somam-se às reações à prova de Físico-Química, um enunciado que foi considerado pela Sociedade Portuguesa de Física (SFP) como tendo um grau de dificuldade muito acima da média.

“No que respeita ao grau de dificuldade da prova, considera-se uma das provas mais difíceis de que há memória, com alguns itens pouco adequados à maturidade de um grande número de alunos de 11.º ano”, lê-se no parecer da SFP.

Mais uma vez o IAVE defendeu a escolha das perguntas da prova, classificando-as de equilibradas e sublinhando que conteúdo do exame avalia todos os domínios previstos, para além de uma grande variedade de subdomínios.

No entanto, a SPF defende, no seu parecer, que “a prova de exame é mais extensa do que a da 1.ª fase, em virtude do grande número de itens trabalhosos e com grau de dificuldade acima do habitual”.