Compra TVI. Ações da Cofina e Media Capital continuam suspensas

Depois do negócio fracassado com Altice, Prisa está agora em “negociações exclusivas” com a dona do Correio da Manhã. Regulador continua à espera de mais detalhes da operação.

As ações da Media Capital e da Cofina continuam suspensas de negociação pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). O regulador continua à espera de mais detalhes em relação ao negócio de compra da dona da TVI pela Cofina (detentora do Correio da Manhã e da CMTV). A ordem de suspensão foi dada, na terça-feira pela CMVM, antes do fecho de mercado, mas ao final da noite, a Cofina esclareceu  que estava em “negociações exclusivas”. 

Para já, o regulador disse apenas que “nos termos da lei, a suspensão de negociação mantém-se pelo temo estritamente necessário à regularização da situação que lhe deu origem”. Por norma as ações retomam a negociação depois de ser prestada informação oficial ao mercado. Já na tarde de quinta-feira foi a vez da Prisa confirmar esta versão

A informação foi avançada à tarde pelo Expresso, mas foi entretanto confirmada pelo i. Antes da suspensão, os títulos ações reagiram em alta com a Cofina a subir 6,71% para os 44,5 cêntimos, enquanto a Media Capital valia 1,89 euros por ação.

Esse interesse já tinha sido divulgado em março pelo SOL ao revelar que grupo espanhol estava em fase de conclusão de um acordo de princípios com um grupo de investidores com ligações aos media em Portugal. Uma operação que rondaria os 315 milhões de euros. 

O i sabe que este diálogo irá prolongar-se nos próximos meses e a Cofina terá decidido avançar após a saída de Rosa Cullell da direção executiva da Prisa. 

Ao que o i apurou, o negócio a avançar poderá ter problemas junto da Autoridade da Concorrência, principalmente na televisão. Ainda assim, fonte ligada ao processo garantiu que “o share de audiências da TVI e da CMTV juntas são inferiores à da SIC generalista”. 

Nova tentativa

Depois de ter adquirido a Media Capital em 2005, o grupo espanhol chegou a ter um acordo fechado com a Altice, em julho de 2017, para a venda da dona da TVI por cerca de 440 milhões de euros, mas o negócio acabou por esbarrar na demora das autorizações necessárias da Concorrência e de outras entidades reguladoras.

 Uma venda que tanto para as empresas concorrentes como para os próprios reguladores estava condenada à nascença, mas que seria a tábua de salvação para o grupo espanhol que precisava, na altura, de financiamento rápido. Um ano depois o desfecho da operação e já com uma situação desafogada – a Prisa tinha chegado entretanto a acordo com os credores para prolongar o vencimento da dívida até 2022, altura em que terá de reembolsar 1500 milhões de euros aos investidores – o grupo espanhol garantiu que continuava interessado em alienar a dona da TVI, mas “sem pressa” em concretizar no curto e médio prazo, uma vez que considerava a Media Capital uma empresa “muito sólida”. 

Recorde-se que, a Media Capital fechou o primeiro semestre com lucros de 5,9 milhões de euros, uma quebra de 44% face ao período homólogo. Ao que i apurou, face esses resultados, o canal de televisão não tem dinheiro para competir com os canais concorrentes. Já a Cofina apresentou lucros de três milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, um aumento de 14,1% face a igual período de 2018.