BCE prepara-se para lançar novo pacote de estímulos

Corte de juros, compensação aos bancos pelas taxas negativas e novo programa de compra de ativos são algumas das medidas em cima da mesa.

O Banco Central Europeu (BCE) prepara-se para avançar com um novo pacote de medidas para estimular a economia europeia. Em cima da mesa poderá estar a combinação de descidas das taxas de juro – que está atualmente nos 4% – e na compra de ativos. Aliás, este foi um dos assuntos debatidos na reunião de política monetária do BCE, a 25 de julho e que voltará a ser objeto de análise na reunião marcada para 12 de setembro.

De acordo com a Reuters, os responsáveis do BCE estão cada vez mais inclinados a aplicar um plano de estímulos que inclui um corte da taxa de juro, o reforço do compromisso de que os juros se vão manter em mínimos históricos durante muito tempo e ainda uma compensação aos bancos devido aos efeitos colaterais dos juros negativos. No entanto, de acordo com a agência de notícias há ainda a hipótese do banco central avançar com um programa de compra ativos mais reforçado, mas que não recebe o apoio de todos os países, nomeadamente do Norte da Europa. 

A verdade é que já na última reunião, o conselho de governadores tinha admitido que “as várias opções devem ser vistas como um pacote, ou seja, uma combinação de instrumentos com complementaridade e sinergias significativas, uma vez que a experiência [passada] tem mostrado que um pacote de medidas – como a combinação de corte de juros e compras de ativos – foi mais eficaz do que uma sequência de ações seletivas”, referiam as atas dessa reunião. 

Riscos 

O que é certo é que esta ideia de avançar com um novo pacote de estímulos não é nova, mas ganhou novos contornos depois de a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) ter alertado para um abrandamento económico no segundo trimestre. De acordo com os mesmos dados, o crescimento económico desacelerou para 0,5% entre abril e junho em relação aos três meses anteriores no conjunto da organização – que incluiu economias como Portugal. No trimestre anterior tinha crescido 0,6%.

O Reino Unido e a Alemanha são apontados como as economias com pior desempenho. “O crescimento do PIB desacelerou acentuadamente” no Reino Unido, que registou uma contração de 0,2% face ao crescimento de 0,5% entre janeiro e março, enquanto na Alemanha, o crescimento recuou 0,1% em comparação com a expansão de 0,4% no trimestre anterior. 

O risco para a OCDE é que a contração na Alemanha e no Reino Unido continue no terceiro trimestre, empurrando os dois países para aquilo que os economistas classificam de recessão técnica (dois trimestres consecutivos com a economia em queda). 

Recorde-se que a reunião de 12 de setembro será o penúltimo encontro de política monetária do conselho de governadores do BCE sob a presidência de Mario Draghi, que abandonará o cargo a 31 de outubro, a mesma data em que está marcada a saída oficial do Reino Unido da União Europeia, com ou sem acordo. A 1 de novembro, Christine Lagarde assumirá a liderança do BCE.