Princípio de acordo impediu nova greve dos motoristas

O Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) anunciou de madrugada a desconvocação da greve ao trabalho extraordinário, fins de semana e feriados que devia começar hoje e prolongar-se até dia 22

Um "princípio de acordo" entre o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) permitiu a desconvocação da greve ao trabalho extraordinário, fins de semana e feriados, que devia ter começado à meia-noite deste sábado, prolongando-se até ao próximo dia 22.

"O acordo permite negociar todas as reivindicações defendidas por nós. Os portugueses ficaram a saber a realidade destes trabalhadores, pelos quais há mais de duas décadas nada tinha sido feito. Quero agradecer a todos os motoristas que estiveram sempre de pedra e cal a lutar pelos seus direitos", disse Francisco São Bento, presidente do SNMMP, após a reunião no Ministério das Infraestruturas, em Lisboa. "O acordo de princípio que atingimos hoje é bastante claro e a preocupação principal é garantir que todo o trabalho efetuado pelos trabalhadores tem de ser remunerado. Isso está firmado, por isso temos tudo para continuar as negociações num bom clima de paz social. Penso que estamos num bom caminho para conseguirmos um bom contrato coletivo de trabalho, digno para estes trabalhadores", frisou o dirigente, explicando que as negociações vão começar em breve e que o Governo assumiu o papel de mediador no processo.

Por seu lado, João Salvador, advogado da ANTRAM, esclareceu que o acordo entre as partes cria uma base negocial que é "rigorosamente a mesma que já foi determinada e assinada com a Fectrans e o Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM)". "Existiu uma viragem do sindicato, de uma lógica mais virada para o conflito para uma lógica mais institucional e de negociação, e que permitiu assinar um entendimento de princípio nas mesmas bases com que foi feito com outros sindicatos. Esta é uma vitória comum que lança as bases para uma reconciliação no setor, que há muito era necessária. Vamos começar a trabalhar nessa reconciliação. As primeiras reuniões vão decorrer e acreditamos que bem antes do final do ano tudo esteja concluído", declarou o causídico.

Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, mostrou-se satisfeito com o entendimento alcançado e sublinhou que "começou o tempo do diálogo". "O país está cansado destas greves, não temos dúvidas de que os motoristas também, as empresas também. Foram quatro pré-avisos de greve em pouco mais de quatro meses", afirmou o governante.