Centenas manifestam-se em Lisboa contra exploração de lítio

“Queremos saber como é que se assina um contrato sem um estudo de impacte ambiental”, diz a candidata do partido Os Verdes pelo círculo de Lisboa às eleições legislativas

Um número na ordem das quatro centenas de manifestantes, afetos a diferentes movimentos independentes de defesa do ambiente e de proteção do património rural, participaram este sábado num protesto em Lisboa contra a concessão e exploração a céu aberto do lítio em Portugal. Os manifestantes juntaram-se na Praça do Rossio, na zona da baixa, e subiram depois o Chiado até ao Largo Camões, onde se concentraram em ação de protesto.

“Levámos esta questão à Assembleia da República pela voz do deputado José Luís Ferreira, para questionar o ministro [do Ambiente], para saber como é que se assina um contrato sem um estudo de impacte ambiental”, realçou à Agência Lusa Mariana Silva, candidata do partido Os Verdes pelo Círculo de Lisboa às eleições legislativas do próximo dia 6 de outubro. "O que está em questão é este tipo de exploração mineira, que nós sabemos que vai ter consequências não só para as populações como para os solos, e como é que se assina um contrato antes de se fazer um estudo de impacte ambiental para avaliar se é ou não possível fazer esta exploração e se é ou não válido para aquelas populações em termos ambientais a exploração em Morgade [concelho de Montalegre]", acrescentou.

"Trata-se de terrenos classificados e há outros projetos e investimentos que podem ser feitos naquela zona. A exploração do lítio irá trazer graves problemas para os solos, para os lençóis de águas e até para as populações que podem desaparecer com a exploração deste minério", advertiu Mariana Silva, garantindo ainda assim que "Os Verdes não são totalmente contra a exploração de minério". "Temos de ver caso a caso. Até porque se nós temos recursos no nosso país eles devem ser explorados com peso e medida e não em nome do lucro de alguns. Se estes terrenos são públicos, não podem ser explorados por privados", sentenciou.

Maria do Carmo Mendes, representante da aldeia de Bargo, na Serra da Argemela, e uma das organizadoras do protesto, referiu aos jornalistas o seu objetivo ao criar a iniciativa. "Queremos que o Governo nos oiça e olhe para nós. Foi aprovada uma recomendação em plenário da Assembleia da República a pedir ao Governo que não concedesse a exploração na Serra da Argemela, mas até hoje estamos à espera de resposta", lamentou, prometendo "fazer o que for preciso" e alertando para a existência de "uma certa permeabilidade entre o sistema político e o mundo empresarial" no caso do lítio.