BE quer ter mais poder

Quer seja no Parlamento ou até mesmo no próximo Governo, os bloquistas estão confiantes de que vão ganhar força nas urnas para a próxima legislatura.  

Na última semana de campanha, o BE apelou várias vezes ao voto para impedir a maioria absoluta do PS e para pedir mais força para o partido. Até porque o número de votos conseguidos pelo partido será determinante para o futuro na próxima legislatura. Ou seja, o desenho e a inclusão do BE numa nova ‘geringonça’ está dependente do número de votos e dos deputados eleitos pelo partido. E – apesar de não ser esta a vontade de Costa -, caso o partido ganhe força no Parlamento, o cenário de o BE vir a fazer parte do Governo não está totalmente afastada. 

Uma ideia que passou na entrevista do líder parlamentar Pedro Filipe Soares ao Notícias ao Minuto, lembrando que «em 2015 o PS convidou o Bloco para o Governo» mas, na altura, o partido disse que «não era o momento». Agora, os bloquistas consideram que «só faz sentido entrar num Governo para influenciar de forma determinante a condução desse Governo», disse Pedro Filipe Soares. Já antes, durante um jantar-comício em S. João de Ver (concelho de Santa Maria da Feira) a coordenadora do BE, Catarina Martins, tinha dito que «a força do Bloco de Esquerda pode mudar tudo sobre o que será a próxima legislatura» frisando que «nada está decidido». 

Mas a possibilidade da ida do BE para o Governo é para o secretário-geral do PS o último dos recursos, caso os socialistas não consigam uma maioria absoluta. Até agora, António Costa tem dito sempre que os partidos que formam a ‘geringonça’ conseguiram «comvergir para uma boa amizade, mas que é insuficiente para podermos ter um casamento», frisando que «não vale a pena estragar uma amizade, com um namoro mal sucedido». Uma posição que, para já, o secretário-geral do PS mantém e lembra que nem o BE nem o PCP se comprometeram em «assegurar condições de governabilidade».  

 

Arrufo com o PS

A campanha oficial do BE ficou marcada por momentos de tensão com o PS e teve como foco o combate à possível maioria absoluta dos socialistas. Durante as últimas duas semanas, foram vários os alertas lançados para um cenário de maioria absoluta do PS, lançados por Catarina Martins, Pedro Filipe Soares, Mariana Mortágua ou Marisa Matias. 

Por diversas vezes, os bloquistas aproveitaram para reclamar algumas das medidas avançadas pelo Governo. «Há quatro anos o PS não ganhou eleições e conseguimos ainda assim uma solução que foi estável durante quatro anos» e o BE «é a força que impede uma maioria absoluta e é força que puxa pelas consições concreetas de vida deste país: no salário, na pensão, nas condições de trabalho, na habitação», salientou a líder bloquista. 

A primeira semana de campanha oficial do BE ficou ainda marcada por uma troca de declarações mais duras entre os partidos da ‘geringonça’, com cada um a reclamar ser o ‘pai’ da solução política. Tudo começou com um artigo de opinião de Manuel Alegre, publicado no Público. No texto, o histórico do PS escreveu que, «há quatro anos, PS e PCP fizeram um esforço para ultrapassar os traumas do passado. O Bloco veio atrás». Já antes, António Costa tinha feito declarações no mesmo sentido, frisando que a solução à esquerda foi construída «apesar do Bloco». E o deputado socialista Carlos Pereira apelou ao voto para que o PS governe «sem empecilhos».