BdP. Endividamento da economia sobe para 724 mil milhões de euros

Depois de dois meses de abrandamento, valor volta a subir. Analistas contactados pelo i não se mostram surpreendidos com este aumento.

O endividamento da economia portuguesa aumentou ligeiramente em agosto, atingindo 724 mil milhões de euros, depois de ter estado dois meses a descer. Os dados foram divulgados ontem pelo Banco de Portugal e indicam que, face a julho, o aumento foi de 400 milhões de euros.

De acordo com o supervisor, o acréscimo face a julho foi, sobretudo, impulsionado pelo endividamento do setor público. Feitas as contas, deste total,  319,8 mil milhões de euros pertenceram ao setor público e 404,2 mil milhões de euros ao setor privado.

Um aumento que não surpreende Pedro Amorim, analista da corretora Infinox, ao admitir que “estes valores vão ao encontro com o que o mercado esperava. As políticas monetárias dos últimos anos de aumento de crédito para fundamentar o investimento é o principal fator para este aumento. O aumento não foi só no setor público mas também privado”, diz ao i.

O analista lembra ainda que este valor é cada vez maior e atinge patamares perigosos, chegando a 3,50 vezes o valor do PIB nacional. “Este ambiente de taxas de juro baixas levarão à procura por crédito, não só para investimento mas também para consumo o que levou o endividamento das famílias estar em máximos também”.

Já Vítor Madeira, Account Manager da XTB, lembra que este aumento ocorre no setor público e no endividamento das famílias. “Se olharmos para as empresas não financeiras do setor privado a sua divida foi reduzida em cerca de 200 milhões . O mesmo não acontece no caso do setor público em que houve um aumentou da dívida em cerca de 400 milhões de euros. Em relação às famílias o seu endividamento voltou a aumentar, neste mês foram cerca de 200 milhões de euros, note-se que a componente que mais fez aumentar esta rubrica foi o crédito ao consumo, valor que pode ser explicado pelo otimismo do mercado e pelas constantes reduções nas taxas de juro”, refere ao i. E lembra que, “numa ótica macroeconómica, o aumento do endividamento não tem tido impacto na dívida total  em percentagem do PIB, pois tem sido compensado pelo aumento da produção nacional (em junho era de 349.7% do PIB)”. 

De acordo com o supervisor, o “aumento do endividamento do setor público traduziu-se, sobretudo, no incremento do endividamento face ao exterior, parcialmente compensado pela diminuição do endividamento face às próprias administrações públicas, às empresas e ao setor financeiro”.

O Banco de Portugal explica que o endividamento do setor não financeiro aumentou “devido ao aumento do endividamento do setor público, já que o endividamento do setor privado manteve-se o valor idêntico”. No setor privado registou-se uma descida de 200 milhões de euros no endividamento das empresas, o que foi anulado por um aumento em igual montante no endividamento dos particulares. A dívida das empresas privadas aumentou para 264,19 mil milhões de euros e das famílias aumentou para 140 mil milhões de euros.

Segundo o Banco de Portugal, “o aumento do endividamento do setor público traduziu-se, sobretudo, no incremento do endividamento face ao exterior, parcialmente compensado pela diminuição do endividamento face às próprias administrações públicas, às empresas e ao setor financeiro”.