A febre do Halloween

A apropriação do Halloween por parte dos Portugueses vai muito além de uma tradição ou de uma mudança cultural.

Quando era criança o Halloween era um fenómeno dos filmes, uma tradição anglo-saxónica vivida por uma clara minoria no nosso país. 

Aos poucos começaram a surgir festas (porque qualquer motivo é bom para se organizar uma festa) é verdade, mas o trick or treat só experimentei mesmo quando fiz Erasmus em Inglaterra e me senti entrar diretamente num filme. 

Hoje o Halloween invadiu o nosso país e do ponto de vista do marketing este é já um dos tópicos fortes a que as marcas se podem associar.

Esta celebração pagã, em véspera da festa cristã Ocidental do Dia de Todos os Santos, tornou-se um momento super-vivido,  não só por crianças, mas também por adultos. A própria tradição do trick or treat é já implementada em vários bairros, dando dimensão a uma tradição ainda recente no nosso mercado.

Os eventos de marca multiplicam-se e trabalham diferentes targets comprovando a elasticidade do tema – Panda Halloween para Crianças ou a já mítica Festa de Halloween da Fox para adultos e heavy addicted de todo um universo assustador. 

Também do ponto de vista das marcas esta oportunidade foi agarrada com muita convicção.

Não só tudo está decorado com a temática Halloween, criando uma mancha e um universo inegável à nossa volta, como surgiram campanhas especialmente pensadas para este momento.

Podemos verdadeiramente dizer que se criou uma necessidade de consumo ( e não é essa uma das obrigações principais do marketing?) que hoje atravessa setores e diferentes produtos.

Já não estamos a falar ‘apenas’ dos artigos de Halloween, pedidos à exaustão pelas crianças para usarem nas suas festinhas, mas de um conjunto de campanhas paralelas que surgem.

Porque o contexto é tudo de facto e o tema ganhou a importância mencionada acima são várias as marcas que lançam descontos especiais, ou destaques a um ou outro produto, na boleia de um verdadeiro momento de entretenimento e convívio. 

A apropriação do Halloween por parte dos Portugueses vai muito além de uma tradição ou de uma mudança cultural. A integração do Halloween nos nossos hábitos entra também no calendário de marketing como mais um momento a ativar…como um possível passion point que cresce diariamente em fãs e em notoriedade, concretizando assim um caminho que pode ser de sucesso para as marcas.

Que outros momentos podemos importar ? Que tradições podemos trazer para o nosso país que atravessem cultura, hábitos de consumo e perceção da marcas? Será que um dia o Thanksgiving se vai enraizar de alguma forma no nosso país? A hipótese parece remota, mas de facto se há algo que não conseguimos fazer é futurologia. 

Mas uma coisa é certa, o trabalho de marcas e marketeers é estar atento a todos os fenómenos, mais ou menos culturais, e pensar como os poderão ativar ou como conseguirão ser disruptivos numa era tão inundada de informação como a nossa.