O retrato de um país alagado às primeiras horas de sábado

Nas próximas horas as grandes preocupações estão voltadas para a forte ondulação marítima e para a situação no Mondego. 

O mau tempo que se regista desde quarta-feira, primeiro com a depressão Elsa e agora com o fenómeno Fabien, está a deixar um rasto de destruição de norte a sul. Mais de nove mil ocorrências, rios Douro, Mondego, Tejo e Tâmega a galgar margens, localidades inundadas, pessoas retiradas das suas casas, estradas condicionadas (como o IP3 que está cortado nos dois sentidos devido a um deslizamento de terras em Penacova) e linhas ferroviárias suspensas – incluindo a ligação entre Lisboa e Porto.

Este é o cenário das primeiras horas deste sábado em que à forte precipitação se juntam rajadas de vento superiores a 130 quilómetros por hora. Esperam-se ainda para o período da tarde ondas com até 15 metros, pelo que as autoridades desaconselham passeios junto à orla costeira até que as condições meteorológicas melhorem, incluindo na costa sul.

Recorde-se que até ao momento o mau tempo já fez dois mortos e uma pessoa ainda está desaparecida. Segundo informado esta manhã, a EDP já resolveu 95% das falhas que se verificaram após a passagem da depressão Elsa.

Rio Tejo (e Zêzere)

As inundações que se registam agora são também resultado da gestão que se está a fazer da água que está nas albufeiras das várias barragens espanholas. Neste momento, foi ativado o plano de emergência para as cheias no Tejo. Na vila de Constância, por exemplo, onde o Tejo e o rio Zêzere confluem o nível das águas tem estado a subir de forma muito acelerada. Uma das causas tem sido a descarga da barragem de Castelo de Bode de 1200 m3 de água por segundo durante um período da manhã. O nível das águas do rio Tejo, que recebe todo o grande caudal do Zêzere naquela zona, subiu já dois metros desde ontem. Na zona baixa da vila há já registo de tampas de esgotos a saltar, havendo risco de de inundações.

À SIC, o Ministério do Ambiente disse, porém, que esta não é uma das maiores preocupações, referindo que existe uma preocupação moderada na bacia hidrográfica do Tejo.

Já em Santarém, apesar do transbordar do Tejo, até agora as consequências são apenas algumas estradas inundadas.

Em Lisboa, na marginal ainda há populares a circular ou a fazer exercício no passeio pedonal, algo que as autoridades desaconselham nas proximas horas, devido à forte ondulação marítima que se espera.

Rio Douro

São já conseideradas as piores cheias do Porto dos últimos 13 anos. Os prejuízos são muitos para vários comerciantes, nomeadamente em Miragaia.

As autoridades refere, ainda assim que as coisas vão normalizar ao longo do dia, havendo apenas grandes preocupações com a agitação marítima.

Rio Mondego

No rio Mondego a água tem estado a subir dez centímetros a cada hora e algumas pessoas em Montemor o Velho tiveram de sair das suas casa, depois de ter sido acionado o plano de emergência municipal. Em causa está o risco de um dos diques que acompanham o rio Mondego poderem colapsar por não estarem preparados para aguentar um caudal tão forte.

No total, 144 pessoas foram retiradas das suas casas, numa operação porta a porta na parte baixa da Vila de Pereira, Santo Varão e Formoselha.

Rio Tâmega

O caudal do rio já está a voltar à normalidade, mas são várias as habitações e estabelecimentos que ficaram completamente alagados em Chaves durante a noite.