CIP reage a Santos Silva e diz que milagre económico é da responsabilidade das empresas

Em causa estão as declarações do ministro ao afirmar que “um dos problemas das empresas portuguesas é a sua fraquíssima qualidade de gestão”.  

O presidente da CIP respondeu à letra às declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros. Em causa está a declaração de Augusto Santos Silva quando afirmou que “um dos problemas das empresas portuguesas é a sua fraquíssima qualidade de gestão” durante o encerramento do 8.º Fórum Anual dos Graduados Portugueses no Estrangeiro, realizado em Coimbra. E o governante foi mais longe. “Podemos esperar sentados [se se supõe que o atual tecido empresarial português] é capaz de, por si só, perceber a vantagem em trazer inovação para o seu seio e a vantagem em contratar pós-graduados e doutorados”.

António Saraiva não gostou das declarações e reagiu. “Como todos sabemos, cabe ao ministro dos Negócios Estrangeiros formular, promover e executar a política externa nacional onde, entre outras atribuições, se inscreve a promoção da economia e das empresas portuguesas, a promoção das exportações nacionais, o contributo para o crescimento da economia lusa. Ficámos assim a saber qual a imagem que um dos mais importantes elementos do Governo tem das empresas e empresários nacionais”, revelou ontem em comunicado.

O presidente da confederação disse ainda que, através dessas declarações, os empresários ficaram a saber “qual a imagem que um dos mais importantes elementos do Governo tem das empresas e empresários nacionais”, acrescentando também que “a perceção confessada diz muito da forma como cumpre no exterior a missão que o país lhe confiou. Promover o investimento externo no país e denegrir injustamente a imagem de empresários e empresas portuguesas não me parece ser exatamente aquilo que se entende como a nobre missão de defesa do interesse nacional”.

António Saraiva não ficou por aqui e lembrou a Santos Silva que o crescimento da economia verificado nos últimos anos, o que na sua opinião, tem dignificado o país a nível das instituições europeias e mundiais, “se deve em grande medida ao esforço e à adaptação operada pelas empresas e empresários portugueses” e que os números alcançados no combate ao desemprego foram atingidos no setor privado e não no público, “à custa do investimento e coragem de empresas e empresários nacionais”. O mesmo cenário, de acordo com o patrão dos patrões, repete-se no aumento das exportações nacionais que “se deve à qualidade e à inovação operada em muitos setores do empresariado português”. 

E as reações foram-se multiplicando por parte da CIP. “É de tal modo insofismável a verdade dos fatos que comprovam que o milagre económico do país se deve essencialmente às empresas e aos empresários portugueses, esse mesmo milagre de que o Governo que Augusto Santos Silva faz parte tanto gosta de se gabar, aqui e além-mar, que as afirmações proferidas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros só podem ser entendidas por terem sido ditas por alguém que, vivendo fechado em ambientes palacianos, há muito que não sai à rua para ver como o mundo lá fora gira e avança”.

Por fim, António Saraiva afirma que não é possível “consentir que aquele que maiores responsabilidades tem na promoção e defesa dos interesses de Portugal seja aquele que mais destrata as empresas e empresários que arrancaram, com o povo português, o Estado da falência em que a fraquíssima administração política de sucessivos governos nos deixaram, alguns de que o próprio Augusto Santo Silva fez parte”.

"Não quero acreditar que estas afirmações resultem de um sectarismo ideológico incapaz de reconhecer méritos e competências à iniciativa privada, nem tão pouco que sejam consequência da situação política que deixa um governo refém de partidos estatizantes e anti iniciativa privada. Prefiro antes acreditar que o senhor ministro há muito que não visita as empresas que todos os dias promovem o milagre económico do país, que ele representa, e que tantos louvores tem recebido, por isso, no mundo", conclui.