Monsanto. Terrorista marroquino do ISIS morre na prisão

Abdesselam Tazi tinha sido condenado por sete crimes ligados a terrorismo. Estava à espera da decisão sobre o recurso.

Abdesselam Tazi, cidadão marroquino que tinha sido condenado a 12 anos de cadeia por terrorismo, morreu ontem na prisão de alta segurança de Monsanto. Segundo fonte judicial, a morte deveu-se a “causas naturais”.
Contactado pelo i,  a Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, “no decurso da abertura das celas, os elementos da vigilância do estabelecimento Prisional de Monsanto, encontraram o recluso deitado na cama da sua cela individual, sem que desse sinais de vida”. De seguida foi chamado o enfermeiro de serviço e ativado o INEM, que viriam a confirmar a morte de Tazi.

Após ter encontrado o corpo do recluso sem vida, como está legalmente previsto, foi chamado àquele estabelecimento prisional “o órgão de polícia criminal com competência na área geográfica do estabelecimento e feitas as comunicações às autoridades judiciais competentes”.  “O corpo foi encaminhado para o Instituto Nacional de Medicina Legal para efeitos de autópsia que determinará a causa da morte. Internamente foi determinada a abertura de processo de inquérito”, conclui a DGRSP.

O homem de 65 anos tinha sido condenado por recrutar em Portugal operacionais para o grupo radical Estado Islâmico (EI). Tazi estava em prisão preventiva desde o dia 23 de março de 2017 em Monsanto.

Já no ano passado, no dia 9 de julho, o Tribunal Central Criminal de Lisboa havia condenado Abdesselam Tazi, em cúmulo jurídico, à pena única de 12 anos de prisão, por sete crimes, entre eles  falsificação com vista ao terrorismo, recrutamento para o terrorismo, financiamento do terrorismo e quatro crimes de uso de documento falso com vista ao financiamento do terrorismo. Foi ainda absolvido do crime de adesão a organização terrorista internacional.

Aquando do seu julgamento, o juiz Ivo Rosa decidiu que Tazi não deveria ser julgado por crimes de terrorismo, mas essa decisão foi mais tarde revertida pela Relação de Lisboa. “Sei que é um homem religioso. Eu também sou. Espero que o seu deus lhe perdoe. O senhor saiu de Marrocos, veio para a Europa, aproveitando-se das fragilidades do sistema para quê? Para convencer uns miúdos a viajar para a Síria”, disse-lhe o juiz Francisco Henriques. “Espero que o seu deus lhe perdoe, porque o tribunal não o perdoa”, concluiu.

Na altura, o advogado de Tazi, Lopes Guerreiro, recorreu do acórdão do tribunal de primeira instância para o Tribunal da Relação de Lisboa (TRL). Esperava-se que a decisão da Relação de Lisboa fosse conhecida esta quarta-feira, dia 8 de janeiro, mas na altura fonte do Tribunal avançou à agência Lusa que o acórdão relativo ao recurso tinha sido adiado para o dia 22 de janeiro, pelo que Tazi morreu enquanto esperava a decisão sobre o recurso.

Abdesselam Tazi chegou a Portugal em 2013, juntamente com Hicham El Hanafi, conseguindo o estatuto de refugiados. Durante um ano viveram num quarto em Aveiro, alugado por 100 euros a uma septuagenária. 

O MP considerou que Tazi tinha sido o responsável pela radicalização de Hicham El Hanafi antes de virem para a Europa. “Toda a gente diz que o comportamento do Hicham mudou com a convivência com Tazi, homem mais experiente, mais velho e com capacidade de sedução”, frisou o procurador João Melo no debate instrutório que aconteceu já em 2018. Hicham está detido em França desde 20 de novembro de 2016 por envolvimento na preparação de um atentado aterrorista