EDP regressa aos mercados e lança oferta para comprar dívida

Oferta foi anunciada no mesmo dia em que a empresa liderada por António Mexia reforçou a sua presença no mercado brasileiro.

A EDP regressou ontem ao mercado para recomprar até 750 milhões de euros em dívida subordinada com maturidade em 2075. No entanto, a operação está dependente do sucesso da colocação de novas obrigações verdes. A informação foi avançada pela empresa liderada por António Mexia à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

De acordo com a elétrica, “o propósito da oferta lançada em conjunto com a emissão de Novas Notes é gerir proativamente os instrumentos híbridos” da empresa. Mas segundo a Bloomberg, esta emissão de dívida verde híbrida está já no mercado, têm uma maturidade de 60,5 anos e possibilidade de serem reembolsados ao fim de 5,5 anos. A maturidade será atingida a 20 de julho de 2080.

A taxa de juro, segundo a agência, foi fixada nos 1,75% e revela que a procura pelas obrigações verdes da elétrica atingiu mais de 4 mil milhões de euros, ou seja, abaixo cinco vezes acima da oferta.

As características desta operação levaram a agência Fitch a atribuir um rating BB à emissão, em grau de investimento especulativo e a dois degraus do nível de investimento de qualidade. Da mesma forma, a agência Moody’s também avalia as obrigações no mesmo nível de “lixo”: em Ba2. 

O BNP Paribas, Banca IMI, CAIXA, Mediobanca, BCPN, MUFG, NatWest Markets, Santander e UniCredit são os bancos responsáveis pela operação.

Reforço no Brasil

A informação foi avançada no mesmo em dia em que a empresa revelou que ganhou um novo contrato para o fornecimento de energia solar no mercado brasileiro. O contrato de aquisição de energia (CAE) tem uma duração de 19 anos, estando previsto o arranque das operações em 2022.

A elétrica revelou ainda que este CAE para a venda de energia gerada pelo parque solar de Lagoa, localizado no estado brasileiro de Paraíba, “tem uma capacidade total de 66 MW e o início de operações esperado para 2022“.

Com este novo contrato, a EDP reforça a sua presença num mercado com baixo perfil de risco, através do estabelecimento de contratos de longo prazo, recursos renováveis atraentes e perspetivas sólidas a médio e longo prazo”, diz a empresa liderada por António Mexia, que controla 82,6% da EDP Renováveis.

“Este novo projeto solar incrementa a diversificação tecnológica do portfólio da EDP, no qual a capacidade total solar deverá atingir 1,3 GW em 2022”, diz a EDP, acrescentando que “tem atualmente contratado 5,3 GW dos ~7,0 GW de capacidade global prevista para o período de 2019-22. 

Recorde-se que, no plano estratégico da EDP apresentado em Londres para 2019-2022, o Brasil foi um dos mercados que a empresa definiu como fonte de crescimento da companhia nos próximos anos, a par dos Estados Unidos. Nessa altura, anunciou ainda a aposta nas energias renováveis e a venda de ativos, nomeadamente as barragens que foram agora vendidas ao consórcio francês liderado pela Engie por 2,2 mil milhões de euros.