O que é o Chega?

O Chega crescerá sempre se a tática para o enfrentar continuar a ser a que tem sido. Porque aquilo que lhe apontam é precisamente o que levará cada vez mais pessoas a votar nele.

 «O Chega é um sintoma. É um partido  que se apresenta contra o regime, mas não é o partido que está a destruir o regime *».
Sérgio Sousa Pinto, Expresso

André Ventura é completamente indiferente a que o digam de extrema-direita. Porque não é.
O que é, por agora, o Chega? É um partido de direita-direita, como o CDS nunca se assumiu nem foi realmente. Direita como nunca houve na nossa democracia. Pelas razões que se compreendem e sabe quem viveu a emergência dela. Direita como uma democracia precisa e a gente lúcida democrata deve querer que haja.
O Chega é, também, um partido ‘populista’… mais competente nisso do que têm sido todos os outros partidos.
André Ventura poderá também vir a revelar-se um oportunista, se estiver mais interessado na carreira política e no emprego. Mas o que venha a ser não dependerá apenas da vontade dele.

E como é visto, cada vez mais, o Chega pelos eleitores? E como deverá, por isso, ser olhado e enfrentado pelos adversários políticos, se quiserem tolher-lhe o crescimento galopante em curso?
É visto como um partido com uma direção informada e competente. Como o partido… do bom senso, do senso comum, mesmo do (aparentemente) óbvio. Do óbvio que tem sido varrido para debaixo do tapete pelos partidos de poder. Um partido que denuncia e se apresenta para resolver o que que, com razão ou sem ela (nalguns casos sim, noutros não), a população sofre e atribui em exclusivo (nalguns casos erradamente) aos políticos e à gestão pública. 
E é por isso que, se os deputados dos partidos ao centro e à esquerda, se o Governo, não conseguirem desmontar com objetividade as afirmações que Ventura faz, demonstrando por outro lado a inviabilidade das soluções que propõe, o Chega aproximar-se-á do PSD nas próximas eleições.
Isto é: o Chega será o partido de um número cada vez mais significativo de eleitores, ativos e potenciais.

Mas a grande novidade que André Ventura trouxe foi a de um partido sem qualquer complexo relativamente à mentira hoje estranhamente persistente da ‘superioridade moral do comunismo’, sem complexos em relação ao marxismo, que a maior parte dos políticos nem sabe bem o que é. Complexos que têm impedido o PS de assumir o papel reformador vital que lhe cabe na sociedade portuguesa.
E também ausência absoluta de complexos relativamente ao politicamente correto, para onde têm deslizado o PS, o PSD e o próprio CDS. 
O Chega crescerá sempre se a tática para o enfrentar continuar a ser a que tem sido. Porque aquilo que lhe apontam é precisamente o que levará cada vez mais pessoas a votar nele. Pessoas sem partido ou de todos os partidos.
E o que poderá ameaçar o crescimento do Chega? Embriagar-se com a facilidade e a rapidez do êxito. 

*«Quem está lentamente a destruir o regime são os grandes partidos que mandam no regime, que traficam o regime, que transacionam tudo e seguem a opinião da turba e as exigências demagógicas das redes sociais».