Montepio. Paulo Guilherme diz que vendeu com “prejuízo pessoal”

Já José Guilherme afirmou que nunca subscreveu nem foi titular de unidades de participação. Os dois confirmaram que casas e empresas foram alvos de buscas, mas não estiveram presentes na operação por estarem em Angola.

O filho do construtor José Guilherme, Paulo Guilherme, confirmou que comprou unidades de participação do banco Montepio, mas que vendeu os títulos no mercado depois de ter vista “frustrada a expectativa inicial de valorização das unidades de participação com enorme prejuízo pessoal”, referiu em comunicado, afastando ainda a existência de qualquer dívida ao Finibanco Angola.

Também o seu pai, num outro comunicado, afirmou que nunca subscreveu nem foi titular de unidades de participação do Fundo de Participação da Caixa Económica Montepio Geral e que não tem, nem nunca teve, qualquer participação no banco BNI Europa.

Os dois confirmaram ainda terem sido alvos de buscas nas suas casa e empresas, no âmbito do processo por suspeitas de crimes de burla qualificada, branqueamento e fraude fiscal qualificada, referindo ambos que não acompanharam as autoridades portuguesas por estarem em Angola. 

Em causa está a realização de buscas na quinta-feira não só ao banco Montepio e à associação mutualista, como também a instituições bancárias, sedes de associação, empresas e a residências de alguns clientes bancários. A investigação teve como alvo o aumento de capital da Caixa Económica Montepio Geral (atual banco Montepio) em 2013, a constituição do capital social do BNI Europa e a origem do dinheiro usado por um grupo de clientes para a aquisição de unidades de participação do fundo e a constituição do capital social do BNI Europa (banco criado em 2014, pertencente ao BNI Angola).

Empréstimos do construtor

José Guilherme esclareceu ainda que, no âmbito das suas funções profissionais, contratou empréstimos para os seus negócios e empresas com vários bancos, incluindo Montepio e Finibanco Angola (que pertence ao Montepio), mas garantiu que tem todas as “responsabilidades para com os bancos ou definitivamente cumpridas e encerradas, ou em situação regular de cumprimento”.

O construtor civil disse também que os acordos de reestruturação e pagamento de dívidas a bancos não tiveram “qualquer perdão de dívida”, isto “ao contrário do que se sabe ter acontecido em muitos outros casos”.
Recorde-se que, nesse período, a instituição financeira era liderada por Tomás Correia que só a partir de 2015 passou a liderar apenas a Associação Mutualista Montepio Geral, abandonando o cargo no passado dia 15 de dezembro, após ter pedido escusa. 

O ex-presidente da Mutualista já negou que tenha havido financiamentos do banco ao construtor civil José Guilherme ou outras pessoas da sua família para comprarem parte das 200 milhões de Unidades de Participação do Fundo de Participação Caixa Económica Montepio Geral, dizendo que o Montepio “não precisava dessa subscrição para fazer a emissão com êxito”. Tomás Correia negou ainda a acusação, então noticiada na imprensa, de que terá recebido 1,5 milhões de euros do construtor civil José Guilherme (o mesmo que deu 14 milhões a Ricardo Salgado).