‘Semana da raiva’ faz estalar a violência nos protestos contra o Governo do Líbano

Confrontos em Beirute fazem centenas de feridos. Presidente enviou exército para as ruas. 

O Líbano imergiu, nas últimas horas, numa onda de protestos violentos que têm levado o caos e a destruição ao centro de Beirute. Depois de meses de contestações pacíficas, o último fim de semana marcou o início de uma nova estratégia dos manifestantes. A designada “Semana da raiva” arrancou com confrontos entre a multidão e as forças de segurança, na Baixa da capital, que culminaram com centenas de feridos e na detenção de, pelo menos, 34 pessoas (que terão entretanto sido libertadas por ordem judicial).

As ruas que dão acesso ao Parlamento e à Praça dos Mártires estão, neste momento, em autêntico estado de sítio, cercadas e bloqueadas por barreiras de segurança. Tem sido exatamente este o cenário dos confrontos, marcados pelo arremesso contínuo de pedras e cocktails molotov contra a polícia, que, por sua vez, tem reagido de forma musculada, através de balas de borracha, gás lacrimogéneo e canhões de água, numa tentativa de conter e dispersar a multidão.

 O agravamento da violência levou o Presidente Michel Aoun a alargar o número de elementos das forças de segurança nas ruas de Beirute, tendo já intimado a polícia e o exército a imporem a ordem, situação que ainda não terá sido possível alcançar.

Os confrontos das últimas horas foram os mais violentos que ocorreram no Líbano – um país a braços com uma profunda crise socioeconómica e política – desde o início dos protestos, em meados de outubro do ano passado. Os manifestantes têm como alvo o que consideram ser uma classe política corrupta e incompetente e exigem a imediata constituição de um Governo formado por tecnocratas e personalidades independentes.

Na sequência dos protestos, o primeiro-ministro Rafic Hariri viu-se forçado a pedir a demissão. Hassan Diab, entretanto nomeado primeiro-ministro interino, não conseguiu, desde essa data, formar um novo Executivo, deixando o país sem Governo há praticamente três meses.