O cheiro é nauseabundo, insuportável, inacreditável. A população do Sobrado, no concelho de Valongo, leva anos de janelas fechadas por causa dos maus cheiros e não só.
As pragas de moscas e de ratos são cada vez mais frequentes naquele lugar do Grande Porto, que há anos luta contra um aterro que recebe mais de 400 tipos de lixo de todo o país e do estrangeiro. De resíduos perigosos, cancerígenos, como o amianto, a todo um vastíssimo leque de variedades de lixos, com maior ou menor grau de risco.
Os que se conhecem. Porque a população queixa-se e as associações ambientalistas denunciam que pela calada da noite há um rodopio de camiões a descarregar ninguém sabe muito bem o quê nem há registos seja do que for.
E, se isso for verdade, aí é que a porca torce ainda mais o rabo. Tresanda… Fede!
Seja como for, se o lixo é um negócio e os aterros uma inevitabilidade, já é evitável andarmos a importar cada vez mais toneladas de lixo dos outros, mesmo que de forma legal – quanto mais se for ilegal.
Ora, ao que temos assistido, é que importamos cada vez mais lixo da Europa, até porque os nossos parceiros de União pagam cada vez melhor para que recebamos os seus ‘valiosos’ desperdícios.
E não falta quem, com toda a certeza abancado bem longe dos maus cheiros e das pragas a que condena os residentes do Sobrado e arredores, esfregue as mãos de contente com os ganhos que do lixo também emanam.
O ministro do Ambiente faz bem em dobrar o valor a cobrar pelo Estado por cada tonelada importada.
Mas o aumento da taxa anunciado por Matos Fernandes, que Bloco de Esquerda e ambientalistas logo se apressaram em aplaudir, não resolve problema algum – sobretudo quando estiver em causa importação ilegal e, logo, não registada nem, consequentemente, taxada. Apenas abona o Estado com parte do ainda que legal mas sempre fedorento dinheiro, reduzindo a margem do importador e porventura aumentando a sua tentação por trabalhos noturnos ou por aumentar o volume por forma a manter o balanço.
A única solução seria mesmo devolver à procedência o lixo que de lá vem, como foi feito numa única remessa.
Ora, também não adianta nada devolver à procedência apenas uma remessa.
Curiosamente, nesta semana, entre outros avisos – ou advertências – de Bruxelas, Portugal levou mais um/a sobre a qualidade do ar e o desrespeito pelos limites impostos por diretivas europeias.
Ou seja, Bruxelas não está minimamente preocupada com o lixo que importamos do resto da Europa. E tanto justifica a não atribuição de fundos em sede ambiental pelo estado avançado em que alegadamente nos encontramos em matéria de controlo de emissões de carbono, como nos ameaça de procedimento sancionatório por incumprirmento dos seus limites.
E o lixo que importamos da Europa não é só lixo, mesmo lixo. Além da variedade desses lixos e desses resíduos – que são às centenas –, ainda importamos toda a porcaria que se faz em qualquer país da Europa.
Agora é a Eutanásia. Temos de estar no pelotão da frente dos países que despenalizam a morte medicamente assistida ou o suicídio assistido?
Em nome de quê? Como se a vida fosse lixo, empacotável, até reciclável – porque, como no lixo, não falta gente sem escrúpulos que ainda pode lembrar-se de reciclar órgãos de eutanasiado, apesar das doenças terminais que o inviabilizam.
A vida não pode ter tão pouco valor.
E quem se arvora de ter legitimidade para legislar sem consultar o povo? Como? Acaso o eleitorado lhes deu mandato para isso? Houve debate, campanha ou esclarecimento público? Coisa nenhuma!!!
Os senhores deputados – que chumbaram todos os projetos não faz dois anos – acham que agora podem legislar sem referendo prévio. A título de quê?
Nas costas do povo…
É nauseabundo, insuportável, inacreditável. Tresanda…. Fede!