TDT. Altice alerta para falta de sinal na zona de Palmela

Clientes reclamaram situação à Anacom. Operadora diz que este tipo de problemas poderão originar atrasos na migração da rede TDT.

Os clientes de Palmela ficaram sem sinal depois de ter sido levado a cabo o processo de migração da televisão digital terrestre (TDT) nesta zona. O alerta foi dado pela Altice numa carta enviada ao presidente da Anacom, a que o i teve acesso. Nessa carta que, segundo soube o i, também terá sido dada a conhecer ao secretário de Estado Alberto Souto de Miranda, o CEO da operadora admitiu que o sinal teve de ser reativado depois de o regulador ter recebido várias reclamações “originadas por utilizadores de TDT que, após terem ficado sem sinal aquando do desligamento daquele emissor, continuavam nessa situação, mesmo após tentativa de ressintonia”. 

A situação, segundo a empresa liderada por Alexandre Fonseca, implica a calendarização de tarefas adicionais “não previstas e a reorganização dos recursos técnicos e humanos envolvidos no projeto”, o que, no seu entender, “pode gerar um efeito cumulativo impossível de acomodar, culminando em atrasos efetivos na migração da rede TDT e em eventuais alterações ao cronograma”.

Estes imprevistos poderão ganhar novos contornos, de acordo com a empresa, tendo em conta os possíveis constrangimentos e respetivo impacto do projeto de migração da rede TDT nas medidas de proteção civil e de saúde pública face ao Covid-19.

Recorde-se que a implementação do 5G tem sido um dos temas que mais têm estado debaixo de fogo por parte das operadoras, que continuam a acusar a Anacom de atrasar este processo – ao ponto de a Altice ter pedido mais do que uma vez a demissão de Cadete de Matos. As acusações têm sido repudiadas pelo presidente do regulador – João Cadete de Matos tem vindo a garantir que “não existe qualquer atraso” nos trabalhos preparatórios da quinta geração móvel em Portugal. Para o responsável da Anacom, Portugal “é dos países europeus com maior número de testes, que contribuirão para o arranque do 5G no país”. 

E tem acenado com a migração da TDT que é necessária para libertar a faixa dos 700 MHz, que inclui frequências necessárias para a transição da atual rede 4G para a rede 5G, esperando-se as primeiras ofertas comerciais até ao fim do ano. Ainda na sexta-feira, avançou-se para a terceira fase da migração da TDT, que vai afetar os utilizadores da Grande Lisboa. 

Em relação aos investimentos que as operadoras terão de fazer, João Cadete de Matos admite que “são avultados”, mas sugere uma mudança de estratégia por parte das operadoras e que passa pela partilha das redes. “Se os investimentos foram partilhados, o retorno é muito mais rápido e, com isso, os operadores ganham com essa partilha e os consumidores também”. Caso contrário, segundo o responsável, “as empresas vão ter de triplicar os investimentos”.

Recorde-se que no início de fevereiro, a Nos e a Vodafone anunciaram a intenção de fechar um acordo para a partilha da infraestrutura da rede móvel em todo o país. As duas operadoras irão negociar em exclusividade com vista à obtenção de um acordo até junho de 2020, a pensar no 5G.