PIB. Economistas apontam para queda entre 4% e 20% em 2020

Estudo diz que taxa de desemprego pode subir 10,4% este ano se a pandemia durar três meses, mas pode atingir 13,5% se durar seis meses. 

A economia portuguesa pode recuar entre 4% e 20% em 2020. Estes são os cenários previstos por um estudo realizado pelo Núcleo de Estudos da Universidade Católica (NECEP), assumindo a “disrupção generalizada na economia mundial” causada pela doença covid-19.

O documento aponta vários cenários. Um cenário central em que a fase crítica da epidemia dura cerca de três meses, um cenário pessimista em que o controlo da epidemia dura seis meses e um cenário otimista em que essa fase crítica não se prolonga muito para além de abril.

No cenário mais pessimista, os economistas estimam uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 20% e uma taxa de desemprego de 13,5% para Portugal, enquanto na zona euro a economia deverá cair 10%.

Para o cenário central é estimada uma contração do PIB da ordem dos 10% e uma taxa de desemprego de 10,4%, enquanto a economia da zona euro deverá contrair 5%.

Os economistas da Católica estimam que, no cenário mais otimista, o PIB irá cair 4% em 2020 e que a taxa de desemprego será de 8,5% em Portugal, contra uma retração económica de 1,1% na zona euro.

O cenário mais otimista tem em consideração “medidas adicionais e mais incisivas para além daquelas já anunciadas pelo Governo”.

Mas o núcleo de economistas da Católica não tem dúvidas: “Qualquer um dos cenários corresponderá a um agravamento significativo do desemprego e em termos de perda do rendimento das famílias”, acrescentando que os “únicos setores da economia com alguma proteção de emprego e rendimento são as administrações públicas, as franjas da sociedade delas dependentes e os setores considerados estratégicos no abastecimento de bens e serviços essenciais e a sua logística”, afirmam os economistas.

No entanto, admitem que “mesmo esses setores estão sujeitos a um risco de contração de atividade já que parte da procura produzida pode vir a não ser vendida nem paga por dificuldades de tesouraria por parte dos seus clientes diretos”.
O Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa prevê ainda que as autoridades estatísticas “terão dificuldades em calcular o crescimento económico do primeiro e segundo trimestres do ano”.

“Como esta crise se abateu sobre Portugal apenas em meados de março, os dados do 1.º trimestre podem vir a transmitir, ainda, uma ideia de normalidade ou de uma quebra relativamente pequena face aos desenvolvimentos dramáticos dos últimos dias”, antecipam os economistas e lembram que “neste contexto, as decisões governamentais e dos bancos centrais influenciarão significativamente a atividade económica no curto prazo”, defendem os economistas.