Santos Populares em risco

Quase um mês depois do aparecimento da covid-19 em Portugal, a CML está a analisar o cancelamento dos Santos Populares. 

Santos Populares em risco

Ao longo do mês de março, o aparecimento e consequente subida do número de infetados pelo novo coronavírus em Portugal levou a que muitos espetáculos e eventos fossem reagendados ou cancelados. Há outros eventos que, por não estarem na agenda do próximo mês, ainda têm essa decisão em mãos. É o caso das Festas de Lisboa, mais conhecidas por Festas dos Santos Populares. A festa, que decorre em mais de 20 bairros lisboetas, está, como é tradição, agendada para todo o mês de junho. 

Ao SOL, a Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC) explica que, «neste momento tão complicado, não é ainda possível dar uma resposta» e que a Câmara Municipal de Lisboa «continua a analisar a situação face ao desenvolvimento da pandemia de covid-19».

Apesar de ainda ser muito cedo para haver certezas em relação à realização de uma das festas mais esperadas do ano, o habitual Concurso Sardinhas Festa de Lisboa,  mantém-se. «Não só se mantém como se vai estender por mais um mês, até dia 30 de abril, agora com o apelo a todos para participarem a partir de casa», explica a EGEAC.

Ao longo dos anos, a EGEAC tem redefinido a estratégia implementada na realização das festas populares lisboetas. Em dezembro passado, quando a pandemia mundial provocada pelo novo coronavírus estava ainda longe de ser uma realidade, a CML aprovou um boletim onde foram estabelecidas novas regras de funcionamento para as Festas de Lisboa 2020. De acordo com o documento, só se poderiam realizar arraiais a partir de quinta-feira e até domingo. Segunda, terça e quarta-feira seriam os dias do mês que davam descanso aos trabalhadores, a quem não seria permitido abrir os estabelecimentos ambulantes, e aos moradores dos bairros, que, durante estes dias, só poderia ouvir música popular nas suas próprias casas.

Mas as alterações que a EGEAC previu não ficavam pela redução dos dias de festa. Também os tradicionais concertos de música popular, ou períodos de música amplificada, ficaram com um horário reduzido. Às quintas-feiras e domingos, a festa começaria às 19h e só podia prolongar-se até às 24, «não podendo a música amplificada ultrapassar as 23 horas». No que diz respeito às sextas e sábados a autarquia permitia que a música começasse à mesma hora, mas podia acabar às 24h, e os estabelecimentos podiam fechar as portas uma hora mais tarde. Apesar de a festa ter sido limitada a estes quatro dias de semana, eram abertas exceções a 10 de Junho, Dia de Camões, de Portugal Comunidades Portuguesas, que este ano ano se celebra a uma quarta-feira. Também na madrugada de 13 de junho, em que se celebra o Santo António, a noite poderia prolongar-se até às 4h, após o habitual desfile do bairro vencedor, que, juntamente com os outros bairros a concurso, descem a Avenida da Liberdade. 

Apesar de estas alterações serem relativamente recentes, desde 2016 que a EGEAC «sente uma responsabilidade acrescida em termos de boas práticas», o que fez com que fosse implementadas nas festividades a seu cargo alterações relativas  «aos horários de programação» e «ao posicionamento dos palcos para evitar que estejam virados para zonas onde existam moradores». Com Rita Pereira Carvalho