Médicos preocupados com deslocações para fazer testes em Lisboa

Presidente da ARS garante que resposta será reforçada à medida da disponibilidade.

As áreas dedicadas ao atendimento de casos suspeitos de covid-19 nos cuidados primários de Lisboa, que funcionam em Benfica e Marvila, não têm capacidade para fazer colheitas para análises e os doentes que são enviados para observação têm estado a regressar a casa com a prescrição, tendo então de fazer a marcação para os locais de despistagem que estão a funcionar no Lumiar e no Parque das Nações. Um médico da zona norte da cidade mostrou ao i apreensão com o facto de alguns doentes estarem a fazer mais de uma deslocação, por vezes de transportes públicos, sem que exista capacidade em todos os centros para disponibilizar aos utentes máscaras que diminuam o risco de contágio. A orientação da DGS é para que o contacto inicial seja sempre para a linha SNS24 e que as deslocações, se necessárias, sejam feitas em viatura própria, mas tem havido casos em que os doentes com sintomas procuram os seus centros de saúde, onde não há indicação para serem atendidos nem é possível prescrever a análise. Já depois de se serem atendidos nos centros de atendimento, a perceção é que tem havido até aqui dificuldade na marcação do teste, que implicará depois uma nova deslocação. “A ideia de abrir atendimentos dedicados à covid era centralizar para que as pessoas fossem ao menor número de sítios para serem testados, não que andassem por vários centros de saúde, mas isso não resulta se não há testes nestes locais”, disse ao i uma médica, que pediu para não ser identificada.

O presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo reconheceu ao i que existem ainda limitações na capacidade instalada para testes, havendo a perspetiva de que durante a semana cheguem mais kits e reagentes ao país e sejam reconhecidos mais locais de análises, o que permitirá reforçar a resposta. Neste momento a região de Lisboa e Vale do Tejo tem 35 locais de atendimento específico para a covid-19 e 20 locais de colheita para testes. Luís Pisco explica que em alguns locais o ADC e o local de colheita são próximos, por exemplo em Mafra. “Se pudéssemos ter aberto já locais de teste em todos os centros de atendimento isso teria sido feito”, disse Luís Pisco, explicando que a preocupação foi haver uma rede que garantisse uma resposta equitativa em toda a região, atendendo também às distâncias, que para os utentes na zona oeste e lezíria do Ribatejo são maiores do que nos maiores centros urbanos. “Conforme vão aparecendo novos laboratórios para fazer os testes, certificados pelo Instituto Ricardo Jorge, obviamente que alargaremos a rede”, disse Luís Pisco, considerando que até ao momento os locais de despistagem no centro de Lisboa têm assegurado resposta aos pedidos. Até sexta-feira estavam a fazer diariamente 350 testes. A ARS está também atenta aos relatos que chegam de utentes a utilizar transportes públicos. “Sabemos que isso acontece e não é fácil de resolver. Há locais onde sabemos que há bombeiros a organizar shuttles mas não é ainda uma resposta uniforme”.

A diretora-geral da Saúde apelou ontem para que os doentes com sintomas de infeção respiratória sigam as orientações do SNS24 ou das linhas de apoio dos centros de saúde e aguardem com tranquilidade a marcação do teste, cumprindo o isolamento. “O teste apenas nos ajuda a dizer quem é ou não positivo, não decide a linhagem de tratamento, o que decide isso são os sintomas”, disse Graça Freitas. Em caso de agravamento de sintomas, devem contactar o SNS24 ou, numa emergência, o 112.