“Quando o chamaram para cuidar do primeiro-ministro ele estremeceu”, diz mãe de enfermeiro que tratou de Boris Johnson

Edite revela que foi há seis anos, em junho de 2014, que o filho deixou Portugal. “Ele não tinha trabalho cá, mandou mais de 200 currículos”, contou.

Depois de este domingo o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, elogiar o “enfermeiro Luís, de Portugal”, que o acompanhou na unidade de cuidados intensivos onde esteve internado devido à covid-19, Luís Pitarma tornou-se num dos nomes mais falados no nosso país. Esta segunda-feira, Cristina Ferreira conversou com Edite, mãe do enfermeiro, que revelou as emoções vividas pelo filho nos últimos dias.

"Quando o chamaram para cuidar do primeiro-ministro ele estremeceu", disse, admitindo, contudo, que já sentia o filho nervoso desde o início da pandemia, tudo porque Luís, de 29 anos, “está na linha da frente" do combate à covid-19 no Reino Unido.

Edite revela que foi há seis anos, em junho de 2014, que o filho deixou Portugal, tudo porque o país onde nasceu não tinha lugar para ele.

"Nunca me esqueço do dia em que ele foi para Inglaterra. Foi a 12 de junho de 2014, o dia mais triste da minha vida. Custou-me e custa-me muito quando chego ao primeiro andar da minha casa e vejo o quarto dele vazio (…) Ele não tinha trabalho cá, mandou mais de 200 currículos", contou.

"Ele vem cá pelo menos quatro vezes por ano. Estava cá em Portugal de férias quando teve de regressar [para Inglaterra]. Teve de regressar quatro dias mais cedo", explicou, admitindo que é difícil saber que o filho trabalha nos cuidados intensivos.

"Dói-me muito que ele esteja a trabalhar nos cuidados intensivos (…) No dia anterior aquele em que ele foi chamado para cuidar do primeiro-ministro, morreu-lhe uma doente com 22 anos. Ele estava muito triste", revelou.

Quanto à notoriedade que o enfermeiro ganhou no último dia, Edite explica que Luís é reservado, algo que se mantém. "O meu filho nunca gostou muito de protagonismo. Mas já comprei alguns jornais para lhe mostrar", rematou.