Apoiantes de Bolsonaro saem à rua e Presidente prepara estratégia de defesa

Segundo o diário brasileiro, a estratégia atual reside, como já tem vindo a acontecer, na defesa pública de que o coronavírus se trata apenas de uma pequena adversidade que não necessita a impusição de medidas restritivas de movimento e isolamento – com o argumento que estas podem aumentar o desemprego no país. 

Enquanto centenas de pessoas tomaram as ruas das grandes cidades brasileiras no sábado, congestionando o tráfego e rosnando com as buzinas das suas caravanas em apoio a Jair Bolsonaro e à sua oposição às medidas de confinamento, o Presidente brasileiro já prepara uma estratégia de defesa para as eleições de 2022 devido à sua atuação durante a crise pandémica. 

Os brasileiros protestaram através dos seus camiões, carros, motas, alguns com as cores do Brasil, enchendo as ruas do Rio de Janeiro, São Paulo e de Brasília, capital do país, com os ruídos dos apitos dos seus veículos – a maior parte pedia a demissão dos governadores que impuseram medidas de confinamento para conter a propagação do coronavírus, forçando as empresas a encerrarem atividade durante semanas.

No Rio de Janeiro, cerca de 100 veículos participaram no impasse, cruzando a Avenida Atlântica, ao longo da famosa praia de Copacabana, segundo a Al-Jazira. Os protestos vieram na sequência da demissão de Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde que durante semanas fez frente a Bolsonaro e chegou mesmo a contestá-lo públicamente. O braço de ferro entre ambos residia na discórdia sobre as medidas de distanciamento social, que Mandetta defendia e Bolsonaro não as cumpriu por diversas vezes e que desvalorizar o perigo representado pelo coronavírus. 

“Ou simplesmente temos a pandemia, que já é muito, ou temos a pandemia e o caos”, resumiu Anderson Moraes, deputado estadual citado pela Al-Jazira, que apelou aos habitantes do Rio de Janeiro a se juntarem ao protesto. “Claro, as vidas [das pessoas] são mais importantes que qualquer outra coisa, mas não podemos tomar decisões hoje sem pensar no amanhã. Porque amanhã, não sei como é que um homem de família estará quando vir os seus filhos com fome”. 

Demonstrações de apoio que vieram numa excelente altura para Bolsonaro, que prepara uma estratégia de blindagem, como noticia a Folha de São Paulo, para se defender das consequências da pandemia no país e das acusações que certamente sofrerá no período eleitoral de 2022. 

Segundo o diário brasileiro, a estratégia atual reside, como já tem vindo a acontecer, na defesa pública de que o coronavírus se trata apenas de uma pequena adversidade que não necessita a impusição de medidas restritivas de movimento e isolamento – com o argumento que estas podem aumentar o desemprego no país. 

Ou seja, de acordo com o Folha de São Paulo, Bolsonaro quer explorar os impactos económicos inevitáveis para, na campanha eleitoral, mostrar que a sua postura em relação ao coronavírus era a mais acertada desde o início – claro, apesar das instruções das autoridades de saúde. Isto para defender o seu capital político e para que as culpas da mais que certa recessão que o Brasil sofrerá não caiam sobre si. 

Esta estratégia começou a clarificar-se quando o Presidente, em conversa com um grupo de apoiantes em frente ai Palácio da Alvorada, no dia 17, declarou que, quando a altura chegar, os brasileiros vão dizer que "Bolsonaro" tinha "razão". 

“Espero que não venham me culpar lá na frente pela quantidade de milhões e milhões de desempregados na minha pessoa”, disse o presidente, em entrevista, citada pela Folha de São Paulo.

Refere a mesma publicação, que além disso, para que Bolsonaro não seja considerado culpado pela crise económica, o Presidente pretende apontar o dedo a eventuais adversários, tais como os governadores de São Paulo, João Doria, e  Wilson Witzel – opositores de direita de Bolsonaro que foram também vaiados nas ruas das grandes cidades por terem seguido as instruções da Organização Mundial de Saúde. 

Ou então, no caso do isolamento imposto pela maior parte dos governadores brasileiros travar o contágio do vírus, Bolsonaro ganha espaço para argumentar que as medidas restritivas fora além do necessário.