Covid-19. UE estima perdas de 285 mil milhões em exportações

As estimativas da Comissão Europeia divulgadas esta terça-feira indicam uma queda de 9,7% no comércio global este ano, enquanto na União Europeia a 27 perspetivam uma redução nas exportações de 9,2% em bens e serviços e de 8,8% nas importações em 2020.  

A Comissão Europeia estimou esta terça-feira uma redução de cerca de 285 mil milhões de euros nas exportações das empresas da União Europeia este ano devido à pandemia de covid-19, antecipando que a indústria transformadora seja a mais afetada.

“As analises económicas feitas pelos nossos serviços estimam que teremos uma queda de 9,7% no comércio global em 2020 e na União Europeia a 27 perspetivam uma redução nas exportações de 9,2% em bens e serviços e de 8,8% nas importações em 2020”, anunciou esta terça-feira o comissário europeu do Comércio, Phil Hogan.

Falando por videoconferência numa audição da comissão de Comércio do Parlamento Europeu, a partir de Bruxelas, o responsável precisou que, em termos absolutos e em comparação com as últimas estatísticas disponíveis, “isto corresponde a uma redução nas exportações de cerca de 285 mil milhões de euros e de 240 mil milhões de euros nas importações extra-UE 27”.

Em causa está uma análise feita pelos economistas da Direção-Geral do Comércio da Comissão Europeia, documento ao qual a agência Lusa teve entretanto acesso, e que precisa que “as exportações dos setores primários – com exceção do energético – e do comércio de serviços acabam por ser menos afetadas [pela pandemia] do que os setores da indústria transformadora, que, na sua maioria, registam contrações nas exportações superiores a 10%”.

No documento, os serviços do executivo comunitário adiantam que, “com as perdas previstas do PIB [produto interno bruto] a tornarem-se mais significativas, os impactos no comércio poderão também ser mais consideráveis” do que são agora estimados.

“A redução dos fluxos comerciais associada a um menor nível de atividade económica é interpretada como o impacto do surto de covid-19 sobre o comércio, [mas] é importante sublinhar que estas estimativas estão sujeitas a um elevado grau de incerteza, dado que a atual crise é uma situação sem precedentes, com muitas variáveis desconhecidas, incluindo o tempo de recuperação”, salientam os especialistas da Comissão Europeia no documento a que a Lusa teve acesso.

Por essa razão, os economistas garantem que “continuarão a acompanhar o impacto económico da crise gerada pela covid-19 no comércio”, adiantando que divulgarão novas projeções em maio.

Falando esta terça-feira aos eurodeputados, Phil Hogan notou que estes números mostram que “a UE deve reduzir a sua dependência comercial”, o que poderá ser feito através de um “reforço das suas ferramentas de defesa em termos comerciais”, nomeadamente a nível legislativo.

“Temos de rever a nossa política comercial após esta pandemia”, insistiu o responsável, admitindo que, na União Europeia, “ninguém estava preparado para a dimensão desta crise”.