A situação de “aperto” das empregadas de limpeza portuguesas na Suíça sem trabalho nem apoios

Centenas de trabalhadoras de portuguesas ficaram sem trabalhar e não contam com apoios sociais nem subsídio de desemprego.

Devido às restrições impostas pela pandemia na Suíça, centenas de empregadas de limpeza portuguesas estão sem rendimento o que levou um sindicato a pedir ajuda estatal.

O secretário sindical responsável da área da construção civil no maior sindicato da Suíça, Unia, José Inácio Sebastião disse à agência Lusa que os efeitos das restrições no mundo laboral, para conter a pandemia covid-19, já se sentem na comunidade portuguesa na Suíça.

"A nossa comunidade trabalha sobretudo em empregos manuais – limpeza, construção civil, hotelaria, nos quais os trabalhadores estão mais expostos e que, por isso, o Estado encerrou uma parte", disse.

Na hotelaria está tudo parado e a construção civil tem avançado devagar, o que tem levado muitos trabalhadores portugueses a pedir apoios sociais. Ajudas com que não contam centenas de portuguesas que trabalham na área da economia doméstica (mulheres-a-dias), muitas vezes pagas à hora ou por tarefa, e sem direito a subsídio de desemprego.

José Inácio Sebastião afirma que muitas destas trabalhadoras já estão há mais de um mês sem receber e que "vão sofrer bastante, porque muitas delas não estão declaradas. Trabalham à hora".

Uma das mulheres portuguesas, que não se identificou, utilizando um nome fictício, trabalha com a folha "a negro", ou seja, não faz descontos e por isso não está a receber subsídio de desemprego. Em declarações à Lusa, disse que a situação está "a apertar", principalmente porque o marido que trabalhava numa pastelaria também está sem emprego.

"Temos um filho com oito anos, que está em casa porque as escolas estão fechadas. Não posso ir trabalhar, mas também não tinha onde limpar", lamentou.

A esta família tem valido umas horas que o marido tem feito numa obra, onde o cunhado trabalha, mas todas as suas esperanças vão para o dia em que os trabalhos reabrirem, pois há algumas semanas que o rendimento escasseia.

"Não temos possibilidade de aguentar muito mais e a burocracia para pedir ajuda é muita e seguramente que pelo menos eu não tenho direito a receber nada", adiantou.

Situações como estas são tão frequentes na Suíça que o sindicato Unia solicitou ao Estado a criação de um fundo para ajudar estas mulheres que trabalham na economia doméstica, estipulado numa média do que eles recebem ao longo de um ano, disse José Inácio Sebastião.

A Suíça registou perto de 30 mil infetados e 1.600 mortos desde o início da pandemia de covid-19.