Uma procissão do tamanho de Portugal

Este ano, poderemos fazer uma procissão das velas do tamanho de Portugal, se cada um for à sua janela  e acender uma vela e cantar o Avé de Fátima

Este ano vai ser um ano completamente diferente de todos os outros anos. Bom, pelo menos para alguns. Sim! Este ano a celebração do 12 e 13 de maio vão ter uma versão muito diferentes dos outros anos.

Houve uma polémica sobre as celebrações de Fátima. A questão que se colocou é legítima: se houve a celebração do 25 de abril e do 1.º de Maio, porque razão não se poderá fazer também as celebrações de Fátima nos mesmos moldes?
A resposta não se fez esperar: porque a Igreja não quer! Porque a Igreja não quer ter para si um estatuto diferente de todas as instituições portuguesas e de todos os portugueses!

No contexto em que vivemos, o que está mal não é tanto a proibição de Fátima realizar as celebrações do 12 e 13 de maio. Isso é compreensível por todos os portugueses!

No contexto em vivemos, o que está mal é que haja instituições que estejam acima dos portugueses!

Pedem sacrifícios! Nós cumprimo-los!

O problema é que tem sido sempre assim: uns pedem sacrifícios para os outros cumprirem.

Tudo isto se pode aplicar ao que virá a seguir. 

Porque precisa a igreja de esperar pelo final do mês de maio para iniciar as celebrações comunitárias? A resposta também é simples: porque estamos num contexto de pandemia.

É estranho! Eu, assim que abriram os barbeiros fui cortar o cabelo. Bem, não fui eu cortar o cabelo, cortaram-mo a mim. Sim! Imaginem que houve alguém que me esteve a mexer no cabelo, nas orelhas, na testa. Esteve a menos de dois metros de mim. Porquê? Porque não se pode cortar o cabelo sem se tocar nas pessoas.

E porque é que os barbeiros foram das primeiras atividades a abrir? A resposta também é muito simples: porque ao fim de dois meses já estávamos com guedelhas até ao chão! Parecíamos todos saídos do Woodstock. É que no cabelo ninguém manda. Ele cresce, mesmo sem querermos.

E as celebrações comunitárias porque têm de esperar tanto tempo? A resposta também é muito simples: porque não se acredita que a dimensão espiritual do homem seja essencial. 

É interessante ver os calendários: Itália, que tem tido um problema muito maior do que Portugal, vai começar as celebrações a 18 de maio; Portugal, só poderá dar início a partir de 30 de maio.

Pois é, quer queiramos, quer não, cortar o cabelo é hoje mais importante do que ir à missa. 

Sim, porque nunca se ouviu dizer que os cristãos precisem de estar tão juntinhos para celebrar a missa, como os barbeiros estão dos seus clientes.

Alegrem-se, porque este ano poderá haver uma das maiores manifestações de fé que Portugal já conheceu. Este ano, poderemos fazer uma procissão das velas do tamanho de Portugal, se cada um for à sua janela e acender uma vela e cantar o Avé de Fátima.

Sim. Este ano, a Senhora de Fátima virá ao Santuário criados por cada um de nós.