Quatro irmãos em quatro países. Diogo Moreira da Cruz: Tudo na rua, ou talvez não

O SOL continua a acompanhar todas as semanas a família Moreira da Cruz. Quatro irmãos a viver em quatro países contam o seu dia a dia e as diferentes formas como está a ser encarado o combate à pandemia da covid-19, bem como as restrições que enfrentam e como comunicam entre si. Filipa vive em…

É certo que o Governo de Boris Johnson tem agora uma necessidade extrema de permitir que o país e a economia voltem à normalidade. O que era uma vontade há umas semanas, é cada vez mais imperativo, a economia está de rastos, com 25% da população ativa em ‘furlough’ (um regime semelhante ao layoff em Portugal). Aqui no Reino Unido ‘furlough’ significa que o Estado suporta 80% do ordenado dos trabalhadores que as empresas dispensam. 

Esta medida foi aplaudida e vista como essencial para evitar números bárbaros de desemprego, contudo o ‘ser humano’ não está bem preparado para estas facilidades. Está agora uma larga fatia da população satisfeita com os seus 80% garantidos enquanto estão sentados no sofá? Será que estão mesmo!?

É que esta medida é tão boa que milhares já admitiram ter agora até mais rendimento disponível, e com o sol e dias calorentos, até se pode sair de casa para passear com os tais 80%. Situação perfeita para a ‘malta’ que adora fazer pouco ou quase nada, mas um desastre completo para o Governo, que entretanto é forçado a admitir que ‘isto’ é insustentável e promete já em julho alterar as ajudas existentes.

A reabertura dos espaços públicos já acontece, havendo muito menos controlo das autoridades pelos motivos que nos levam a passear nas ruas, nos parques, ou a sentarmo-nos nos relvados. E as discussões do que se passa nas ruas e nos parques são anedóticas. Agora é frequente ouvir-se o povo a reclamar que afinal o seu parque local está cheio de gente, não há respeito dizem, não se cumprem as regras, mas afinal esses mesmos sabem disso porque foram ao parque. Ora então devíamos ter uns parques virtuais, tipo capacete realidade virtual em que podemos ir a todo o lado e estar tudo ao ‘molho’ sem problema algum. Não discutam, não se chateiem, mas não venham com esta ideia de ‘eu posso ir ao parque, mas mais ninguém pode. Vão para casa’. Isso não é nada!

A conversa do momento é o que vai abrir e quando, porque já se sente que o comércio está a tentar reabrir, já com cadeias de lojas a reabrir sob algumas medidas de controlo. Contudo, sinto que a volta à dita normalidade não vem tão cedo. Estamos muito longe de voltar todos a estar confinados 8h por dia num escritório londrino onde nos sentamos às centenas a poucos metros uns dos outros. Londres é um excelente exemplo que distanciar e controlar simplesmente não funciona. O coronavírus adora os transportes a transbordar desta cidade, as ruas apertadas e as filas longas para ir buscar sandes para almoçar.

Eu estou pronto para me sentar e observar o desenrolar da abertura. Vai ser um espetáculo que convém ter primeira fila porque eu prevejo uma dança longa de abre e fecha, e eu duvido que o povo tenha paciência e genica para tanto passo. Só espero que esta dança não dê em demasiadas ‘pisadelas’ e pares em desacordo.