Embaló e a Constituição da Guiné

Este Presidente da Guiné também não parece respeitar nada nem ninguém, desde a sua polémica auto-proclamação – que ainda assim terá resultado em seu benefício.

por Pedro d'Anunciação

Sempre evitei pronunciar-me sobre a eleição de Umaro Sissoco Embaló para Presidente da Guiné-Bissau, por achar demasiado enevoado todo o ambiente político desse país. Não sou um convertido completo aos votos democráticos, por saber que muitos ditadores chegaram a ter o poder através de eleições – com que normalmente acabaram, mal se instalaram no Poder, acusando sempre outros (caso claro de Hitler).

Na altura, pareceu-me muito arriscado, mas supus que o eleitorado guineense apenas quis afastar mais um Presidente problemático, que não respeitava as suas regras. Se assim foi, pelos vistos saiu-lhe a coisa furada (tal e qual como se estava mesmo a ver que ia sair aos brasileiros que deram a vitória eleitoral a Bolsonaro).

Este Presidente da Guiné também não parece respeitar nada nem ninguém, desde a sua polémica auto-proclamação – que ainda assim terá resultado em seu benefício.

E ainda está por saber se o eleitorado está satisfeito com as acções do novo Presidente, ou se realmente as deplora (e, nesse caso, não se percebe porque não é feita qualquer coisa mais eficaz para o afastar).

Aproveito para põr estas questões, que penso serem pertinentes: estarão os brasileiros arrependidos de elegerem Bolsonaro?; e os americanos, estarão dispostos a elegerem seja quem for contra Trump?

Embaló agora até se lembrou de alterar a Constituição – numa atitude que o prof. Jorge Miranda, conhecido constitucionalista português e a trabalhar na Constituição da Guiná-Bissau, considera claramente ilegal.