OMS suspende ensaios clínicos com hidroxicloroquina

Estudo publicado na revista The Lancet aponta para um aumento da taxa de letalidade entre os pacientes tratados com o medicamento habitualmente utilizado no combate à malária.

A Organização Mundial de Saúde anunciou nesta segunda-feira a suspensão dos ensaios clínicos com hidroxicloroquina para o combate à covid-19, depois de estudos científicos terem associado o uso do medicamento a uma maior taxa de letalidade.

A decisão anunciada na conferência de imprensa desta segunda-feira surge depois de na semana passada um estudo publicado na revista científica The Lancet ter dado conta de uma mortalidade mais elevada entre os pacientes aos quais tinha sido administrada hidroxicloroquina para o tratamento da doença.

A suspensão tem, ainda assim, um caráter temporário. Segundo o secretário-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, os restantes testes clínicos prosseguirão nos 400 hospitais dos 35 países em que estão a ser levados a cabo, com 3500 voluntários.

A hidroxicloroquina é um medicamento habitualmente utilizado no tratamento da malária, com efeitos secundários adversos. Segundo explicou aos jornalistas Soumya Swaminathan, cientista sénior da OMS, "há muito poucos estudos randomizados e é importante recolher informação sobre a segurança e eficácia”. 

A sua utilização, mesmo que em testes, está portanto suspensa por enquanto, mas nada garante que não venham a ser retomados. "Os dados dos estudos observacionais [como este mais recente, publicado pela Lancet] podem ser enviesados”, afirmou a especialista. “Queremos usar [a hidroxicloroquina] se for segura e eficaz, se reduzir a mortalidade e os internamentos e se os benefícios forem mais do que os danos”.