O admirável mundo dos espertalhões

A China exportou o vírus para todo o mundo, usando milhões de viajantes, que voaram de Wuhan para o resto do mundo

Passei a vida a ouvir dizer que o mundo é dos audazes, enquanto a realidade me ia mostrando o contrário: que quem mais depressa singra são os oportunistas, os aldrabões e os videirinhos, na forma de ‘enguias de gravata’ especializadas no tráfico de influências. Passam os anos, critica-se, censura-se, aponta-se o dedo aos figurões… e nada muda. 

China. A China exportou o vírus para todo o mundo, usando como portadores milhões de viajantes que, durante mais de dois meses, voaram da cidade de Wuhan para o resto do mundo. Depois, a mesma China tirou proveito do desastre e tratou de vender máscaras ao resto do mundo. Boa parte dos fornecimentos é fake, mas a indústria chinesa não cessa de faturar. Pode ser que, um dia, uma comissão de inquérito internacional ponha mãos à obra e apure o DEVE e o HAVER da China no alastramento da covid-19. Até lá, será bom que o mundo se previna para próximas pandemias que, diz quem sabe, não tardarão a chegar.

Grécia. No folclore das disputas entre gregos e turcos, há uma brincadeira que é contada de ambos os lados com conclusões morais opostas: ‘gregos e turcos são iguais. Ambos vendem a mãe, mas o turco não a entrega’. Moral grega: ‘os turcos são vigaristas. Não entregam o que vendem’. Moral turca: ‘recebe-se a massa, mas uma mãe nunca se entrega’. Recordei a anedota, quando vi os números dos infetados e mortos pela covid-19 reportados pela Grécia. OPS!!! Afinal, o milagre é grego! Um tão espantoso milagre gerou outro: praias e hotéis helénicos cheios de turistas já em maio! E os jornais ingleses estão a recomendar a Grécia como destino turístico seguro. Insinuo que há batota nos números gregos? O leitor interpretará como lhe aprouver, mas… como pode o mundo acreditar em quem não hesitou em falsificar as contas públicas para entrar na CEE? 

Itália. Quando o Sul da Europa começou a ser descoberto para o turismo, jovens inglesas e suecas queixavam-se sistematicamente do assédio impróprio dos machos italianos. Até nos transportes públicos eram apalpadas, diziam. Sucederam-se participações às polícias e entrevistas à chegada aos respetivos países, com farta descrição das apalpadelas. Veio a saber-se depois que se tratava de uma ação de marketing do turismo italiano, congeminada com a lógica dos embusteiros: os fins justificam os meios.

Vacinas e medicamentos milagrosos. Só quem nunca saiu do reino do Pai Natal pode acreditar que são desinteressadas as promessas de vacinas ao virar da esquina e as notícias do sucesso de medicamentos milagrosos no combate à covid-19. Até agora… tretas! É bem certo que nas escolas de gestão se ensina que ‘quando a tragédia chega, uns choram, outros aproveitam para vender lenços’. O exemplo é virtuoso, como incentivo à superação das adversidades e ao saber aproveitar as oportunidades, mas daí a interpretar-se que a desgraça legitima o lucro vai um passo que não deve ser dado. Sobretudo quando quem lucra são os mesmos que causaram o desastre.