A ‘noite’ quer voltar a abrir portas

Proprietários dizem que este é o momento certo para voltar a abrir, com as devidas precauções, mas António Costa sublinha que ‘as discotecas têm de permanecer fechadas’.

A noite quer voltar. Os donos dos bares e discotecas querem abrir portas novamente, mas, além de não existir uma data definida, António Costa não se mostrou muito confiante, nem disponível para reabrir este setor. Esta quinta-feira, ao anunciar uma série de medidas de recuperação, mencionou o caso dos bares e discotecas e sublinhou que «por natureza, o afastamento não é possível»: «É muito difícil reabrir». E acrescentou: «Não só as discotecas têm de permanecer fechadas, como as inovações de rave party têm de ser evitadas».

E é também pelas referidas festas ilegais que os empresários da noite querem voltar a abrir portas. Além das perdas óbvias que o setor sofreu nos últimos meses.

Esta quarta-feira, os proprietários dos espaços de diversão noturna estiveram reunidos na discoteca Mome, em Lisboa, e estiveram na quinta-feira, através da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), reunidos com João Torres, secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor.  Sobre o encontro com a tutela, o empresário Pedro Vieira avançou ao jornal i que a reunião aconteceu para «demonstrar abertura ao Governo para encontrar soluções que ajudem a viabilizar a abertura dos espaços».

Os proprietários garantem que os espaços estão prontos para abrir, existindo condições de segurança para que isso aconteça. Também ao jornal i, José Gouveia, da Associação de Discotecas de Lisboa e do grupo JNcQUOI, explicou que «a noite tem desde já o direito a abrir e de demonstrar que há condições para funcionar sem que possam aumentar os casos». O uso da máscara é possível, avançou José Gouveia, uma vez que as pessoas já estão «tão educadas quanto ao uso de máscara que a máscara se pode manter numa discoteca».

As festas ilegais que têm sido feitas por todo o país são também alvo de crítica pelos empresários da noite, mas o principal motivo apontado não é o facto de serem ou não legais, mas sim de acontecerem em espaços que não são controlados. «Estas situações ilegais provocam um maior contágio por ausência de regulação, por ausência de restrições, e poderão ser a razão de um maior contágio na zona de Lisboa», explicou José Gouveia, acrescentando que   estes eventos «acontecem pelo simples facto de ainda não permitirem que a noite esteja a funcionar». E são a prova de que «há vontade por parte das pessoas em sair».

Em comunicado, os proprietários dos espaços de diversão alertaram para o facto de os prejuízos no setor afetarem também, por exemplo, artistas, agências de comunicação, empresas de produção e distribuição de bebidas alcoólicas ou empresas de segurança privada. Em conjunto, os empresários pediram, além da data de reabertura, que o Governo «considere um conjunto de apoios, seja a fundo perdido ou a título de financiamento com o Estado como avalista».