Covid-19. Portugal vai sofrer um “impacto económico substancial”

O alerta é dado pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade, mas elogia para a redução do crédito malparado no sistema financeiro português.

 O Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) prevê que a pandemia provocada pela covid-19 terá um “impacto económico substancial” em Portugal, criando “uma incerteza significativa” nas contas portuguesas, embora reconheça as “importantes medidas” adotadas pelo país para minimizar as consequências.

“O surto de covid-19 deverá ter um impacto económico substancial, criando uma incerteza significativa às perspetivas económicas e orçamentais portuguesas, tal como noutras zonas da Europa”, afirma o MEE no  relatório anual relativo a 2019.

Aliás, num capítulo dedicado ao país – que esteve sob resgate financeiro, daí continuar a ser acompanhado pela instituição –, o Mecanismo Europeu de Estabilidade retrata que, no ano passado, o crescimento económico em Portugal “foi moderado”, mas ainda assim “manteve-se acima do ritmo da zona euro”.

No entanto, admite que este cenário deverá mudar em 2020, antecipando que “o resultado orçamental [deste ano] seja afetado pelo choque” relacionado com a pandemia. Por um lado,  devido a uma “cobrança fiscal mais reduzida e a maiores despesas do que o esperado como forma de responder ao surto”, por outro lado, “nos primeiros meses de 2020, a economia desta área deteriorou-se acentuadamente, atingida pelo impacto negativo da pandemia”, acrescentando que “a incerteza é ainda elevada sobre a duração e magnitude do choque e o momento e a velocidade da recuperação”.

Risco da banca

Em relação ao desempenho de Portugal no ano passado, o MEE recorda a desaceleração do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que se fixou em 2,2% em 2019, após uma subida de 2,6% no período homólogo anterior. “O investimento recuperou e o consumo privado – sustentado por um baixo desemprego – continuou a ser um forte motor de crescimento”, aponta o Mecanismo Europeu de Estabilidade, recordando que, em dezembro de 2019, a taxa de desemprego em Portugal era de 6,7%, abaixo dos níveis anteriores à crise de há 10 anos (7,6% em 2006).

Quanto ao setor bancário, a instituição, que tem vindo a alertar para o elevado nível de crédito malparado em Portugal,  apontando para uma melhoria, notando que os chamados ‘non-performing loans’ (NPL) estão “a baixar” no país. “A rentabilidade dos bancos melhorou claramente em 2019, em comparação com anos anteriores”, destaca o MEE, notando que o ‘stock’ de NPL “continua a diminuir a um ritmo acelerado e está agora 57% abaixo do seu pico em meados de 2016”.

De acordo com a instituição, o rácio de NPL caiu, então, para 6,1% no final de 2019, o que compara com 9,4% no final de 2018. A média da zona euro era de 3,6% no final do ano passado. E tem uma palavra em relação ao Novo Banco, considerando que a instituição bancária “continua a ser uma responsabilidade contingente para o Estado, sendo provável que venha a solicitar outra injeção de capital pelo fundo de resolução de crises em 2020”, o que já se verificou.