TAP. Privado já admite Estado na comissão executiva

Antonoaldo Neves admitiu que precisa do empréstimo do Estado português para salvar companhia aérea, mas que não vai conseguir pagá-lo em seis meses. Avança plano de reestruturação.

Antonoaldo Neves, presidente da comissão executiva da TAP, foi ao Parlamento deixar duas certezas: a TAP precisa do empréstimo do Estado para sobreviver à crise e não terá condições para pagá-lo no prazo de seis meses – o que permitiria à companhia aérea evitar um plano de reestruturação que obrigará à redução de rotas, frota e postos de trabalho.

Esta posição “obriga” o acionista privado a aceitar as condições que o Governo impõs para “libertar” o empréstimo de até 1,2 mil milhões de euros. E Antonoaldo Neves até já admite incluir um representante do Estado na comissão executiva da companhia aérea.

Na comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, Antonoaldo Neves rejeitou as acusações de má gestão antes da covid-19, defendendo que a companhia aérea não teria sobrevivido à crise caso não tivessem sido feitos os investimentos dos últimos quatro anos, como, por exemplo, a renovação da frota ou o aumento de rotas (nomeadamente para os Estados Unidos).

Empréstimo aguarda acordo. Recorde-se que o Governo já recebeu “luz verde” da Comissão Europeia para fazer um empréstimo de até 1,2 mil milhões de euros à TAP, e está preparado para injetar cerca de mil milhões de euros na empresa até ao final do ano (o Orçamento Suplementar de 2020 inclui, aliás, uma verba de 946 milhões de euros para esse efeito).

Porém, esta injeção ainda não foi concretizada, uma vez que ainda prosseguem as negociações entre a TAP e o grupo de trabalho nomeado pelo Governo, liderado pelo agora secretário de Estado das Finanças João Nuno Mendes, sobre as condições do empréstimo.

O ministro Pedro Nuno Santos já esclareceu que o dinheiro a emprestar à TAP só será libertado depois das condições definidas pelo Executivo de António Costa serem aceites pelo acionista privado – a Atlantic Gateway (de David Neeleman e Humberto Pedrosa). E embora não se conheçam quais são essas condições, é certo que o objetivo do Governo passa por garantir que o Estado passará a ter uma palavra a dizer sobre a gestão desse dinheiro e da própria empresa.

Estado na comissão executiva. Ao que parece, as posições parecem agora estar mais próximas: Antonoaldo Neves admitiu disponibilidade para aceitar um membro indicado pelo Estado – que atualmente só tem presença no conselho de administração – na comissão executiva da empresa.

“A Comissão Executiva está disponível para ter um membro indicado pelo Estado”, disse Antonoaldo Neves, considerando até uma opção “produtiva”, tendo em conta o seu estatuto de maior acionista da empresa (com 50%).

O responsável disse que, caso isso se concretize, o Estado “vai ter que sentar à mesa, discutir, tomar decisões difíceis”. “Não tem nenhum problema, trabalhar com pessoas que querem o bem da TAP”, afirmou.