A TAP registou no primeiro trimestre do ano prejuízos de 395 milhões de euros, relacionados com os impactos da pandemia de covid-19, justificou a companhia aérea portuguesa e lembrou que, no período homólogo de 2019 o resultado líquido negativo tinha sido de 106,6 milhões de euros.
"[O] resultado líquido negativo do trimestre de 395 milhões de euros [foi] impactado por eventos relacionados com a pandemia covid-19, nomeadamente pelo reconhecimento de `overhedge [cobertura de risco] de jet fuel` de 150,3 milhões, tendo o resultado líquido sido igualmente impactado por diferenças de câmbio líquidas negativas de 100,5 milhões", lê-se no comunicado.
Ainda assim, a transportadora aérea admitiu que, "excluindo estes dois efeitos, o resultado líquido do primeiro trimestre de 2020 teria sido negativo em 169,9 milhões de euros".
Queda de passageiros e redução de frota
A TAP registou um decréscimo de 54,7% no número de passageiros transportados em março face ao mês homólogo de 2019.
Na primeiro trimestre do ano, a companhia aérea registou uma "diminuição dos rendimentos operacionais totais em 05%" face ao trimestre homólogo de 2019 e "das receitas de passagens em 3,7%" relativamente ao mesmo período do ano anterior.
No mês de março, a diminuição verificada face ao mesmo mês de 2019 é de 106,3 milhões de euros (-47,7%) nos rendimentos operacionais totais e de 90,3 milhões (-46,9%) nas receitas de passagens, adianta.
A TAP registou igualmente uma quebra do EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 26 milhões de euros no primeiro trimestre face ao período homólogo.
Em março, a quebra do EBITDA foi de 80,4 milhões de euros relativamente ao igual mês do ano passado.
"[A] quebra de atividade verificada em março de 2020 em resultado da pandemia covid-19 impactou negativamente a performance da TAP no primeiro trimestre, compensando a boa performance observada nos primeiros dois meses do ano", sustenta a transportadora.
No que se refere à frota, durante o 1.º trimestre entraram em operação 3 aviões de nova geração Airbus (2 A330 neo e 1 A321 neo), tendo saído de operação 1 A319, terminando a TAP o trimestre com uma frota de 107 aviões (incluindo aviões regionais operados pela Portugália e White). "Tendo em consideração o impacto da covid-19 na indústria em geral e na TAP, em particular, o conselho de administração iniciou um processo de análise da capacidade instalada, o qual poderá vir a resultar numa restruturação da frota", acrescentando que está previsto "para o período remanescente de 2020 (após 31 de março) uma redução líquida da frota, incluindo a saída já confirmada de 6 aviões (1 A321, 1 A320, 3 A319 e 1 E190) que terminam contrato em 2020. Para além destas, estão a ser estudadas saídas adicionais de aeronaves por forma a alinhar com o plano de frota atualmente em revisão".
A companhia acrescenta que "o mês de março foi já significativamente afetado pelas medidas de contenção adotadas pelas autoridades nacionais e internacionais que se refletiram numa acentuada quebra na procura e levaram a TAP a diminuir a sua capacidade operacional, traduzindo-se numa deterioração progressiva da atividade ao longo do mês".
A TAP realça também a realização em fevereiro de uma amortização "no montante de 158,6 milhões de euros referente a um financiamento com um sindicato de bancos portugueses, com extensão da maturidade do montante remanescente desse financiamento".
"A maturidade média da dívida financeira da TAP (excluindo `leasings` operacionais) aumentou de 4,5 anos no final de 2019 para 5,0 anos no final do primeiro trimestre de 2020, continuando o reforço significativo da extensão da maturidade média da dívida efetuado durante o ano de 2019, tendo em conta que no final de 2018 era de 2,5 anos", sublinha.
A Comissão Europeia aprovou em 10 de junho um "auxílio de emergência português" à companhia aérea TAP, um apoio estatal de 1.200 milhões de euros para responder às "necessidades imediatas de liquidez" com condições predeterminadas para o seu reembolso.
A semana passada, a TAP anunciou o prolongamento do layoff até final de julho, ao qual tinha recorrido em 2 de abril, justificando a decisão com o facto de a sua operação continuar reduzida