‘Realpolitik’ e UE

Quando é que Costa aprende que o realismo político não pode ser uma lógica de mercearia, para não se tornar ineficaz. Nisto, a verdade é que ele me lembra muito Trump e a sua falta de visões

por Pedro d'Anunciação

A argumentação de António Costa favorável à Hungria, na distribuição das ‘ajudas’ da UE ao Covid, com argumentos de ‘realpolitik’ por parte de primeiro-ministro português, parece ter sido desastrosa. Talvez a Holanda esteja mesmo a jogar na honestidade política, para atrasar ou impedir a doação de fundos a outros, passando assim a alegar razões mais fortes que o simples egoísmo nacional – podendo ter outros votos a seu favor. E talvez assim tenha conseguido unir outra vez os chamados ‘frugais’.

 Mas Costa baseou-se num realismo político nada eficaz. Faz-me lembrar a saloiice de não incomodar os turistas que queiram vir a Portugal, ao revés das autoridades madeirenses ou açorianas (estas mais realistas e com atitudes aceitáveis para o Mundo), com uma falta de controlos completa – só evitada pela acção policial de rotina (sempre mais feroz do que desejaríamos) e por cuidados redobrados de outros Estados. Talvez já tenha emendado aqui parte da mão.

Quando é que Costa aprende que o realismo político não pode ser uma lógica de mercearia, para não se tornar ineficaz. Nisto, a verdade é que ele me lembra muito Trump e a sua falta de visões. O que vale é não contar com muitos apoios, e até a direita ser mais à esquerda do que ele nestas coisas. Por alguma razão, na América (mesmo latina) a direita europeia (a começar  pelos democratas-cristãos) é tida como muito esquerdista. Ou seja: demasiado solidária com os despossuídos da sorte.

Já vimos que a direita dura americana não quer saber de despossuídos da sorte, mas apenas dos que fazem por possuí-la, e