Norte volta a ter RT mais elevado

Apesar da subida nos casos nos últimos dois dias, Lisboa mantém tendência de abrandamento face à semana passada. Mas casos aumentaram no norte, que tem agora o RT mais elevado do país.

Apesar de um aumento dos novos casos nos últimos dias, o balanço em Lisboa continua a apontar para um abrandamento da epidemia. Na última semana, analisando o período de sexta-feira da semana passada até ontem, a região de Lisboa e Vale do Tejo registou um total de 989 casos, o que compara com 1210 na semana anterior e é o valor mais baixo dos últimos meses (chegaram a ser mais de 2000 nas duas primeiras semanas de julho). Se em Lisboa a trajetória parece decrescente, os boletins da DGS mostram no entanto que os casos na região Norte voltaram a aumentar esta semana, sendo a terceira semana consecutiva em que há uma subida. Foram detetadas 326 novas infeções na região Norte, que de resto é neste momento a zona do país onde o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo calcula uma taxa de transmissão do vírus mais elevada. 

De acordo com o relatório semanal disponibilizado esta sexta-feira pelo INSA, que o SOL consultou, o valor médio do RT a nível nacional  – o indicador que calcula quantos casos surgem em média a partir de cada infetado – é de 0,92, sendo de 1,06 no Norte, 1,02 na região Centro, 0,88 na região de Lisboa, 0,96 no Alentejo e 0,83 no Algarve. Os peritos consideram que, com estes valores, o país se mantém numa trajetória de «decréscimo paulatino a nível nacional», notando que o RT nacional está abaixo de 1 desde 11 de julho. Também em Lisboa, que nos últimos meses suscitou a maior preocupação, está abaixo de 1 desde 9 de julho. Já a região Norte aparece agora em contraciclo, com valores de R superiores ou muito próximos de 1 desde 24 de julho, quando antes já tinham também estado acima deste patamar e registaram um desagravamento. São então previsíveis mais casos no Norte, sendo que em Lisboa, apesar do baixo índice de transmissão, o patamar de novos casos é idêntico ao que havia no final de abril, quando a curva começou a subir. 
Nas restantes regiões do país não há sobressaltos de maior, mas na região Centro também houve um ligeiro aumento dos novos casos esta semana (73 vs 52 na semana passada). No Alentejo e no Algarve baixaram. 
Na conferência de imprensa desta sexta-feira, o subdiretor-geral da Saúde adiantou que neste momento há 178 surtos ativos no país, mais de metade em Lisboa, e 45 no Norte. Rui Portugal alertou para o risco associado aos convívios familiares. «Os surtos têm, neste momento, uma base sobretudo de cariz familiar», afirmou, explicando que são os encontros de pessoas que não vivem juntas que estão a potenciar os novos casos. «Apesar de serem da mesma família e terem os mesmos apelidos, têm de perceber que se estiverem em núcleos diferentes podem ocorrer contágios de uns para outros núcleos da mesma família». 

O pedido é então para que, mesmo em férias e mais relaxado, não se baixe a guarda. Em Lisboa, Rui Portugal salientou que a tendência se mantém decrescente, isto numa altura em que continuam no terreno as equipas multidisciplinares que garantem o isolamento de infetados. Com a epidemia a abrandar, o Ministério do Trabalho anunciou que os centros de dia vão poder finalmente reabrir a 15 de agosto, mas de forma faseada e condicionados a uma avaliação prévia.