Novos casos de covid-19 mais do que duplicaram e número de internados também subiu

Índice de transmissibilidade é um dos fatores de preocupação. Evolução de casos nos lares é positiva, diz ministra.

Depois de quatro dias consecutivos em que Portugal registou menos de 200 casos de covid-19 em 24 horas, os números voltaram esta quarta-feira a subir para mais do dobro em relação ao dia anterior. De acordo com o boletim diário divulgado esta quarta-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS), foram registadas mais três mortes – todas a envolver mulheres com mais de 80 anos – e 278 novos casos, depois de na terça-feira terem sido identificados 120 – desde 7 de agosto, quando foram registados 290, que Portugal não tinha um número tão elevado de novos casos.

Além disso, também o número de internados aumentou esta quarta-feira, estando agora em internamento 367 doentes – maisdois em relação ao boletim de terça-feira -, e 40 em unidades de cuidados intensivos. Por região, Lisboa e Vale do Tejo continua a ser a zona do país mais afetada pela covid-19, com 160 (58%) dos novos casos. Foi nesta região que morreu uma pessoa nas últimas 24 horas. As restantes duas mortes ocorreram no Norte do país.

Mas o que também preocupa as autoridades de saúde é o Índice de Transmissibilidade Efetivo, mais conhecido por RT, que, apesar de continuar abaixo de 1 – situando-se atualmente nos 0,99 -, poderá vir a subir nos próximos dias. “O RT para entre 3 e 7 de agosto situa-se nos 0,99. Isto significa que mantemos um RT global nacional abaixo de 1, mas a tendência decrescente dos últimos dias está novamente a ter uma ligeira inversão”, alertou esta quarta-feira a ministra da Saúde, Marta Temido, na conferência de imprensa da atualização dos números alusivos à covid-19.

No total, recorde-se, há agora 161 surtos ativos em Portugal: 82 em Lisboa e Vale do Tejo, 42 na região Norte, 16 no Algarve, 13 no Alentejo e oito na região Centro.

Lares são preocupação mas a evolução é positiva
pesar de os lares continuarem a ser um dos maiores motivos de alarme em tempos de pandemia, a ministra da Saúde sublinhou esta quarta-feira que a evolução no que respeita a residências para idosos tem sido favorável.

“Portugal tem registado uma evolução muito positiva. As estruturas residenciais para idosos são uma das principais preocupações face à vulnerabilidade especial das pessoas que nelas estão institucionalizadas e, por isso, desde o primeiro dia, estabelecemos regras”, garantiu Marta Temido, dando como exemplo o facto de em abril terem sido registados casos positivos em 360 instituições para idosos e de a 11 de agosto serem apenas 69.

No entanto, a tutela alerta para a complexidade da fiscalização dos lares, estando, porém, a analisar as 18 mortes no lar de Reguengos de Monsaraz – alvo de investigação também pela Administração Regional de Saúde do Alentejo.

Festa do Avante! “sem riscos adicionais”
obre o evento do PCP que se vai realizar entre 4 e 6 de setembro, a ministra da Saúde garantiu que “não haverá exceções” às regras da DGS e que está em procedimento “um trabalho técnico de avaliação” para garantir a segurança de todos os presentes no evento.

“Compreendo que se fale de um número de 100 mil pessoas, na medida do que será a licença de utilização, mas estamos num momento específico, num contexto específico. Não vamos proibir o que é permitido nem vamos permitir o que proibido”, sublinhou a ministra, salientando que ninguém vai correr “riscos adicionais”, nem haverá nenhum tipo de “tratamento especial” em relação ao evento.

“Também não serão impostos deveres adicionais àquilo que são as regras específicas com as quais temos estado a trabalhar em áreas como a restauração, os transportes públicos ou os eventos culturais”, rematou, reforçando que não será possível ter no evento o mesmo número de pessoas que nos anos anteriores – perto de 100 mil.

Vacina russa é preciso ser segura
Com o aparecimento da primeira vacina no mundo contra a covid-19 muitas foram as reticências que surgiram, uma vez que se concluiu que a fase de testes na Rússia não foi realizada de forma rigorosa. Esta quarta-feira, Marta Temido explicou que existir uma vacina é positivo, frisando a necessidade da existência de garantia de que o produto final é seguro.

“É muito importante acelerar o processo de investigação e de descobrir uma vacina eficaz, mas nesse processo não podemos sacrificar nem a segurança nem a eficácia terapêutica. Há várias empresas, em várias fases. Queremos garantir que quando tivermos a vacina é segura, eficaz e que responde às necessidades dos portugueses”, concluiu Marta Temido.