Detido suspeito de matar dois manifestantes em Kenosha

Rittenhouse, de 17 anos, obcecado com a polícia, foi filmado junto a membros de uma milícia a quem agentes distribuíram garrafas de água.

Kyle Rittenhouse, um jovem de 17 anos, originário de Antioch, no Illinois, cujas redes sociais estavam recheadas de posts de exaltação da polícia, foi detido esta quarta-feira, acusado de abater a tiro duas pessoas e ferir outra durante os protestos contra a a violência policial, em Kenosha, no Wisconsin, anunciaram as autoridades. “Acabei de matar alguém!”, gritou um homem identificado como Rittenhouse, enquanto fugia, num vídeo divulgado nas redes sociais, onde se ouvem os gritos desesperados das vítimas e de outros manifestantes.

Rittenhouse, que viajou para Kenosha armado com um espingarda semi-automática AR-15, não era o único cidadão com armamento pesado nas ruas, esta terça-feira. Muitos responderam aos apelos no Facebook da Kenosha Guard, uma milicia local que questionou num post: “Algum patriota disposto a pegar em armas para defender a nossa cidade hoje à noite contra estes bandidos malévolos?”. Aliás, na noite em que terá morto duas pessoas, Rittenhouse estava junto a vários membros deste grupo, quando passaram agentes da polícia, num veículo blindado. Os agentes pararam para distribuir garrafas de água à milícia, apesar de estarem a violar o recolher obrigatório. “Nós agradecemos malta”, disse um dos agentes, num vídeo visto pelo Milwaukee Journal Sentinel. “A sério”.

Importa lembrar que a cidade já fervilhava mesmo antes deste incidente, após a polícia de Kenosha atingir Jacob Blake, de 29 anos, sete vezes nas costas, no domingo, quando este entrava no carro onde estavam os seus três filhos. Enquanto Blake luta pela vida num hospital de Milwaukee, com um dos tiros na coluna vertebral, à espera de que um milagre o faça voltar a andar, os agentes responsáveis foram suspensos.

Para alguns residentes de Kenosha, como noutros pontos dos Estados Unidos, a violência que sofreu Blake está longe de ser um incidente isolado. “Ás vezes tenho medo de caminhar na rua, porque da última vez que me mandaram para, haviam vários polícias a apontarem-me espingardas automáticas apenas porque alguém chamou a polícia. Eu estava desarmado”, contou Glenn Summer, um residente negro da cidade, ao Guardian. Entretanto, face aos protestos, o Presidente Donald Trump já anunciou que serão enviados agentes federais para o estado.