Internamentos devido ao novo coronavírus continuam a aumentar

Novos casos registados esta terça-feira voltaram a descer, à semelhança daquilo que aconteceu na semana passada. As projeções apontam que Portugal possa chegar esta semana ao patamar dos mil casos diários.

Esta terça-feira, apesar do baixo número de novos casos registados, os internamentos em unidades hospitalares continuaram a aumentar. Ontem, estavam internadas 546 pessoas – mais 28 do que no dia anterior. Deste total, 70 pessoas estavam internadas em Unidades de Cuidados Intensivos – mais nove do que no dia anterior.

A terça-feira da semana passada também já tinha sido o dia da semana com menos casos reportados (425), o que até aqui acontecia habitualmente à segunda (com menos diagnósticos notificados ao domingo). As projeções apontam que Portugal possa chegar esta semana ao patamar dos mil casos diários, como admitiu na passada sexta-feira o primeiro-ministro, e pelo menos até ontem nada indicava uma inversão dessa tendência.

Comparativamente aos meses passados, é necessário recuar até 23 de maio para encontrar tantos internamentos quanto aqueles que foram registados ontem.

No que diz respeito ao registo de novos casos, o boletim epidemiológico de ontem dava conta de mais 463 infeções, permanecendo ativos mais de 21 mil casos. Comparativamente aos dados divulgados esta segunda-feira, registou-se uma redução de 26% nos novos casos de infeção.

A nível de distribuição geográfica, a região de Lisboa e Vale do Tejo tem registado os números mais elevados, mas ontem a percentagem ficou perto da contabilizada na zona Norte. Em Lisboa e Vale do Tejo confirmaram-se 198 infeções por covid-19, o equivalente a 42,8% do total, e na zona Norte foram confirmadas 191, o equivalente a 41,3%. No Centro registaram-se 36 novas infeções, no Algarve 21, no Alentejo 12, na Madeira 3 e nos Açores 2.

Não há contágio nos transportes? Estudo é esperado este mês Ontem foram noticiados os resultados de um estudo desenvolvido pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), entre março e julho, em que não se apurou uma ligação direta entre o comboio nas linhas da área metropolitana de Lisboa, com base na incidência das freguesias mais próximas das estações. Os resultados deste primeiro estudo feito no país para tentar avaliar o impacto dos transportes públicos foram referidos pela primeira vez em julho pelo Presidente da República no final da 10.ª reunião de peritos no Infarmed. “Linhas que à partida se considerariam de risco maior, verificou-se que são de risco, não direi irrelevante, mas escassíssimo. Do estudo parece decorrer que não está aí um fator causal determinante de transmissão do vírus”, disse Marcelo Rebelo de Sousa. A diretora-geral da Saúde considerou na altura que o trabalho era um indício, mas não permitia ainda conclusões definitivas sobre a questão dos transportes. “Foi apenas um estudo que relacionou linhas de comboio na grande Lisboa e o número de casos nessas freguesias. É um estudo, tem o significado que tem, carece de outros de estudos. É apenas um indício, naquelas circunstâncias especiais, naquelas freguesias especiais, não parece ter havido uma ligação”, disse Graça Freitas. O i tentou perceber junto da DGS se há novos dados sobre esta matéria, mas não teve resposta. Já depois deste primeiro trabalho o Ministério da Saúde anunciou a realização de um estudo de caso-controlo, para avaliar diferenças entre pessoas que contraíram o vírus e outras que não foram infetadas. Na última reunião de peritos, a 7 de setembro, a divulgação dos resultados deste novo estudo, que também está a ser feito pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, foi remetida para dali a três semanas. O presidente do ISPUP, Henrique Barros, explicou na altura que o trabalho passaria por entrevistas a mil pessoas que estiveram infetadas e mil “controlos”, permitindo responder a “questões pragmáticas” como onde existe maior risco de contrair a infeção, nomeadamente qual o peso de transportes, espaços comerciais ou escolas, fazendo pela primeira vez uma análise dos “hotspots” da infeção no país.