Holanda. Museus querem devolver arte

Um relatório que propõe que as peças do período colonial voltem aos seus países de origem foi apresentado esta semana.

Depois de na terça-feira ter sido apresentado um relatório do Conselho de Cultura nacional que estima que haja cerca de 100 mil peças para as quais poderia ser apresentado um pedido de restituição invocando motivos de «perda involuntária», tanto a direção do Rijksmuseum como do Tropenmuseum de Amesterdão afirmaram que apoiariam a proposta, ainda que não tenha havido uma reação oficial do Governo às conclusões e propostas apresentadas.
Segundo o Guardian, Taco Dibbits, diretor do Rijksmuseum, saudou a ideia da criação de uma estrutura que permitisse levar a cabo o processo de restituição de algumas peças, dado que o museu tem vindo a trabalhar na identificação da origem das peças da sua coleção. «É uma questão importante que tem vindo a ganhar atenção acrescida, incluindo internacionalmente, nas décadas mais recentes. É por isso que é bom que haja uma política nacional para isto e que haja aconselhamento», afirmou. «Achamos que é um bom conselho formar um comité independente e um centro especializado para acolher os pedidos dos Estados. Esperamos que isto contribua para um diálogo construtivo com os países de origem».
Também no Tropenmuseum esse trabalho de identificação tem vindo a ser levado a cabo. Ao jornal Het Parool, Stijn Schoonderwoerd, dessa mesma instituição, falou no relatório apresentado como «um grande passo em frente». «Esperamos que esta recomendação se transforme em lei no curto prazo. Ao reconhecer as injustiças e a criar a possibilidade de restituição, a Holanda está a assumir a sua responsabilidade».
Lilian Gonçalves-Ho Kang You, a autora do relatório, sugere que a criação de um sistema deste género na Holanda poderá servir de exemplo a outros países europeus que mantêm entre as coleções dos seus museus objetos que vêm sendo ao longo dos anos reclamados pelos países de origem. E nota que o facto de serem devolvidos não os impede de poderem continuar a ser vistos em museus europeus. Dá o exemplo holandês: «A Holanda é livre de dizer: queremos poder continuar a mostrar isto. Às vezes os países querem boa cooperação entre os museus».