OMS desaconselha remdesivir, mas Portugal vai continuar a usá-lo

Governo baseia-se nas indicações da Agência Europeia do Medicamento e não da OMS.

O secretário de Estado da Saúde afirmou, esta sexta-feira, que Portugal vai continuar a usar o antiviral remdesivir para tratar doentes com covid-19, enquanto não houver orientação contrária da Agência Europeia do Medicamento.

As declarações de Lacerda Sales, na conferência de imprensa sobre o ponto de situação da covid-19 em Portugal, surgem na sequência da Organização Mundial de Saúde ter divulgado também hoje uma recomendação para a não utilização do remdesivir, sublinhando que não há provas de que o antiviral “tenha qualquer benefício para os doentes”, sendo por isso desaconselhado o seu uso devido aos efeitos secundários que a sua administração implica.

O governante reiterou que o país segue, e vai continuar a seguir, as indicações da Agência Europeia do Medicamento e que até agora, não houve "nenhuma alteração das orientações de utilização".

Sublinhe-se que Portugal anunciou, em outubro, a compra de cerca de 35 milhões de euros em doses deste antiviral, fabricado pela farmacêutica norte-americana Gilead, que após a recomendação da OMS veio garantir a eficácia do medicamento, citando “múltiplos estudos” divulgados em publicações científicas e “que validam os benefícios clínicos de Veklury [nome comercial do remdesivir], incluindo a recuperação significativamente mais rápida, que pode libertar recursos hospitalares limitados”.