Media Capital. Deliberação da ERC “ameaça viabilidade do projeto”

Mário Ferreira, eleito presidente do Conselho de administração da Media Capital diz ainda que está em causa a sobrevivência da TVI bem como mais de 1100 postos de trabalho.

A posição da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) sobre a Media Capital “ameaça a viabilidade do projeto” e pode “pôr em causa a sobrevivência da TVI” bem como os mais de 1100 postos de trabalho. O alerta é dado por Mário Ferreira, eleito presidente do Conselho de Administração da Media Capital que garante ainda que a deliberação é “muito grave” e que “merece o mais veemente repúdio”.

Em causa está a posição do regulador dos media que defende que existem “fundadas dúvidas” sobre a identidade dos efetivos titulares das participações qualificadas da Media Capital. Ainda assim, a ERC deu dez dias para os acionistas “apresentarem provas ou tomarem medidas com vista a assegurar a transparência da titularidade das participações qualificadas”. Caso isso não aconteça, procede-se “à suspensão imediata do exercício dos direitos de voto” e “à suspensão imediata dos direitos patrimoniais inerentes às participações qualificadas em causa”.

A ERC delibera também que os direitos patrimoniais terão de ser depositados num banco, “sendo proibida a sua movimentação durante a suspensão”.

“Estamos aqui a dar a cara enquanto Conselho de Administração, os nove eleitos, mas também enquanto portugueses que acreditam no seu país, confiam na capacidade de recuperação da economia portuguesa e querem viver numa sociedade em que a liberdade de imprensa e o pluralismo na informação permanecem como valores fundamentais do Estado de Direito e da democracia”, defendeu o empresário na conferência de imprensa desta terça-feira. E foi claro: “Que ninguém se iluda: não haverá um plano B”.

Para o empresário, a deliberação do regulador dos media significada um “risco de paralisação da atividade de um dos mais relevantes grupos de comunicação” social.

“Não nos escondemos atrás de ninguém. Não procuramos capturar ou condicionar instituições, nem dispomos de jornais especializados em campanhas e ameaças”, atirou ainda Mário Ferreira numa acusação que estará relacionada com o grupo Cofina.

Recorde-se que está ainda em curso uma oferta pública de aquisição (OPA) da Cofina sobre a Media Capital. “Vivemos em Estado de Direito e em economia de mercado. Faremos valer os nossos direitos. Não aceitamos nem pressões, nem ameaças, nem condicionamentos aos nossos direitos e liberdades enquanto portugueses, como empresários e, obviamente, como investidores”.

Mário Ferreira avisou ainda que o grupo quer trabalhar com a ERC “de boa fé” mas “livres de pressão” e que serão tomadas iniciativas legais com o objetivo de “exigir as devidas compensações pelos reais prejuízos causados ao grupo”.

Críticas e ameaças Os novos acionistas – nomeadamente Mário Ferreira e Cristina Ferreira – lamentaram o facto de o grupo Cofina – através do Correio da Manhã, Sábado e Negócios – continuar a lançar notícias difamatórias que, se no caso do dono da Douro Azul já supera as 250, no caso da apresentadora da Malveira “serão o triplo”.

“Quase todos os acionistas que estão aqui têm sido alvo de ataques por parte do Correio da Manhã, Sábado e do Negócios, mas menos”, garante Mário Ferreira, que diz que a ERC nada fez em relação às queixas apresentadas pelos acionistas da dona da TVI.

Recorde-se que a Media Capital já tinha acusado a Cofina de instrumentalizar a ERC. Questionado sobre esse assunto, Mário Ferreira destacou que o presidente do regulador nunca quis receber os acionistas da Media Capital, apesar de ter recebido o presidente da Cofina, Paulo Fernandes.

Recorde-se que, apesar da decisão da ERC, a Media Capital realizou na mesma a assembleia geral. Mário Ferreira é o novo presidente da empresa.