CTT. Sindicato diz que adesão à greve foi de 75% em Lisboa e Porto

Os trabalhadores dos CTT iniciaram esta segunda-feira uma greve, que vai decorrer também na quarta e quinta-feira, por melhores salários e pela contratação de trabalhadores. Paralisação divide a empresa: associações de chefes e de distribuição contestam ação.

Os trabalhadores dos CTT iniciaram esta segunda-feira uma greve, que vai decorrer também na quarta e quinta-feira, para reivindicar aumentos salariais e o reforço de colaboradores para o serviço postal, distribuição e chefes de estação.

Em comunicado, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT) adianta que a adesão à greve nas centrais de correio de Lisboa e Porto foi de 75%, tendo sido contabilizados 147 trabalhadores.

Em declarações à Lusa, no dia 17 de novembro, o secretário-geral do SNTCT, Vitor Narciso, disse que a greve deverá ter “um grande impacto no atendimento e no tratamento e distribuição de correspondência, mas é essa a intenção, para que a empresa perceba a indignação dos trabalhadores e a opinião pública perceba o que se passa nos CTT”.

De acordo com o sindicalista, o objetivo é que “seja reposta a normalidade nos CTT em termos de contratação coletiva e de qualidade do serviço público que é prestado à população, que é cada vez pior, com os atrasos a aumentar na distribuição de correspondência”.

Vitor Narciso lembrou ainda que o processo negocial se arrastou desde o início do ano e acabou sem qualquer acordo, já em fase de conciliação do Ministério do Trabalho, com a empresa a alegar falta de liquidez para os aumentos salariais.

“A empresa disse que não tinha dinheiro, mas pouco depois distribuiu prémios, com critérios subjetivos, e antecipou o pagamento do subsídio de Natal, parece que o problema não seria a alegada falta de liquidez, mas sim a falta de vontade de aumentar os salários”, afirmou, na altura.

Na passada sexta-feira, em comunicado, a Associação Nacional dos Chefes de Estação dos Correios (ANCEC) manifestou a sua total discordância e incompreensão em relação à greve geral convocada considerando-a “totalmente inoportuna” e que “em nada vem contribuir para a união dos profissionais dos CTT”.

A Associação Nacional de Responsáveis de Distribuição (ANRED), por seu turno, considerou que a paralisação “mais uma vez, tem na sua base motivações estritamente ideológicas e políticas” e referiu que, nas atuais condições, é “oportunista e lesiva dos interesses dos trabalhadores”.

Ambas as estruturas manifestaram surpresa e incompreensão em relação ao agendamento da greve geral, tendo em conta a atual conjuntura do país.

Os CTT já tinham condenado a greve devido à data escolhida, garantindo que não faltam colaboradores no quadro e que vão ser pagos prémios aos trabalhadores.

Num comunicado divulgado no dia 19 de novembro, os correios vincaram que os compromissos com os trabalhadores têm sido assegurados, sublinhando que, perante a covid-19, não recorreram ao regime de layoff, comparticiparam a vacina contra a gripe e anteciparam o pagamento do subsídio de Natal e dos prémios extraordinários.

Os CTT rejeitam também as acusações de que faltam trabalhadores no quadro e de que a prestação do serviço postal universal não cumpre os padrões de qualidade, notando que sempre cumpriram o indicador geral de qualidade até que, em 2018, “a dois anos do fim do contrato de concessão”, a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) “decidiu alterar os critérios”.