Galp. Refinaria fecha em Matosinhos e põe em causa 1500 funcionários

Segundo a petrolífera, a decisão de encerrar a refinaria de Matosinhos foi, nas últimas décadas, equacionada em algumas ocasiões. Ações em queda.

Os sindicatos de trabalhadores da Galp mostraram-se surpreendidos com a decisão da petrolífera de parar a refinação em Leça da Palmeira. De acordo com as estruturas representativas dos trabalhadores, a medida põe em causa até 1500 funcionários de forma direta e indireta e penalizou as ações da empresa que fecharam a encerram 5,76% para os 8,28 euros, no entanto, chegou a perder 8,81% para os 8,01 euros durante a sessão de ontem, reduzindo para um mínimo de 9 de novembro. 

A petrolífera revelou que vai “continuar a abastecer o mercado regional mantendo a operação das principais instalações de importação, armazenamento e expedição de produtos existentes em Matosinhos”, e que está a “desenvolver soluções adequadas para a necessária redução da força laboral e a avaliar alternativas de utilização para o complexo”, disse em comunicado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliário (CMVM).

E foi mais longe: as “alterações estruturais dos padrões de consumo de produtos petrolíferos motivados pelo contexto regulatório e pelo contexto covid 19 originaram um impacto significativo nas atividades industriais de downstreaming da Galp”, e afirma que “o aprovisionamento e a distribuição de combustíveis no país não serão impactados por esta decisão”.

De acordo com a petrolífera, “no âmbito do plano de implementação daremos naturalmente prioridade a promover as soluções mais adequadas para as pessoas”, refere. 

O sindicato diz, no entanto, ainda ter lutado por esta ser a “última das decisões”, por entender que há condições para “manter a unidade em produção”, tendo sido feitos vários alertas às autarquias. E acrescenta que a Petrogal era uma “empresa privada” e não mostrou abertura para “encontrar uma solução”. 

Governo preocupado

O ministro do Ambiente e da Transição Energética revelou que o Governo está preocupado com o destino da meia centena de trabalhadores que vão ser penalizados pela descontinuidade da atividade de refinação em Leça da Palmeira. 
Matos Fernandes disse que o Governo está “disponível” para, caso a Galp e os trabalhadores “entendam”, participar naquilo que é um “destino justo para o futuro destes trabalhadores que vão ser afetados pela decisão”, disse o ministro, justificando que “há fundos” para este fim. 

João Matos Fernandes disse que o Governo ainda não foi contactado e diz que a “porta está aberta”, adiantando que os membros do Ministério estão “muito preocupados e muito atentos” ao assunto. 

“Sem contar com este encerramento, Portugal já ia num bom caminho”, disse Matos Fernandes, acrescentando que, esta naturalidade da transformação não pode nunca deixar ninguém para trás. Para se conseguir a transformação energética necessária e a redução das emissões à procura de um mundo neutro em carbono são processos em que todos têm de ser envolvidos em democracia”.