Turismo. Governo reforça linha de apoio em 20 milhões de euros

Associação do setor já admitiu que hoteleira vive “crise sem precedentes” e é preciso recuar a 1984 para encontrar números equivalentes.

O Governo reforçou a linha de apoio à tesouraria das micro e pequenas empresas do turismo em 20 milhões de euros, passando agora a ter uma dotação de 120 milhões de euros. O reforço foi avançado pelo ministério da Economia e disse ainda que foi “fixado um valor adicional de 250 euros por empresa, a acrescer ao valor do prémio de desempenho, para as empresas que adiram ao selo Clean & Safe e que frequentem pelo menos uma das respetivas ações de formação em 2021”.

O gabinete liderado por Siza Vieira acrescentou também que as alterações incluem “a aplicação de uma moratória para o início dos reembolsos, passando estes para 30 de junho de 2022”.

Esta linha gerida pelo Turismo de Portugal e criada como mecanismo de apoio à tesouraria das empresas do turismo no contexto da pandemia, “contabiliza, até ao momento, 10 368 candidaturas e um financiamento aprovado de 92,8 milhões de euros”, acrescentando que com esta verba “as micro e as pequenas empresas do setor podem aceder a um apoio financeiro correspondente a 750 euros por posto de trabalho por mês,  pelo período de três meses, até ao máximo de 20 mil euros no caso das microempresas e de 30 mil euros para as pequenas empresas”, sendo que “em ambas as situações, 20% daqueles montantes podem ser convertidos a fundo perdido”.

Ainda na semana passada, a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) garantiu que não havia dúvidas: a hotelaria vive crise sem precedentes sem as empresas do setor “não haverá retoma do turismo e o turismo pode voltar a ser o motor da retoma da economia portuguesa”. Uma situação que não surpreende a entidade liderada por Raul Martins ao garantir que tem vindo a monitorizar o impacto da pandemia. “Logo em março de 2020, tinha projetado uma perda de 7,3 milhões de dormidas e 800 milhões de euros, até junho. Mas já no final do ano passado o cenário apontado, tendo como base os resultados de 2019, era ainda mais catastrófico: quebra de 70% nas dormidas (menos 40 milhões de noites) e de 80% nas receitas, alojamento e outras, o que equivale a menos 3,6 mil milhões de euros. Isto só considerando a hotelaria”.

Raul Martins esclareceu que “2020 foi um péssimo ano, recuámos a valores de dormidas de não residentes de 1984. Mas 2021 não será melhor. A situação da hotelaria é muito grave e os apoios insuficientes, é importante que se perceba isso".