Polícias brasileiras exigem ser incluídos no grupo prioritário para a vacinação contra a covid-19

A Fenadepol, liderada por Tania Prado , manifesta “inconformismo” por ver os profissionais da polícia “tendo que todo dia acordar e enfrentar o vírus sem proteção e se expondo a contrair a doença e se vitimarem por absoluta falta de gestão eficaz da crise sanitária que não consegue disponibilizar vacina para quem não pode se…

Por Felícia Cabrita e João Amaral Santos

Uma onda de protestos no seio das forças de polícia e de segurança tem varrido o Brasil. Depois dos protestos contra a reforma administrativa do Governo de Jair Bolsonaro, as polícias brasileiras também contestam o Plano Nacional de Imunização contra a Covid-19. Os profissionais querem ser incluídos no grupo prioritário para a vacinação contra o novo coronavírus.

Em comunicado, a Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (Fenadepol) manifesta “grande preocupação da classe com o agravamento da crise pandémica (…) e com a lentidão com que vem ocorrendo a vacinação no território nacional, sobretudo com novas variantes do vírus circulando livremente, despertando a atenção de todos os governos no mundo”.

Numa nota assinada por Tania Prado, presidente da Fenadepol – entidade que engloba os sindicatos dos delegados da Polícia Federal –, a federação alerta para o facto de “a rede de atendimento hospitalar no Brasil caminha a passos largos para o esgotamento de sua capacidade de leitos de UTI [unidade de tratamento intensivo] e de fazer frente aos impactos que o vírus causa”. “Foi noticiado, ainda, que os stocks de medicamentos para intubação de pacientes graves estão acabando”, acrescenta.

“Toda esta situação acabou deixando os policiais à sua própria sorte, numa indefinida e longa espera, mesmo em se tratando de categoria que está ao longo de toda a crise trabalhando, enfrentando todos os dias o vírus e os criminosos nas ruas do país. Policiais dedicados e cumpridores dos seus deveres estão se expondo nas operações, inclusive de combate a festas clandestinas, de fechamento de estabelecimentos com funcionamento proibido e nas medidas de restrição de circulação das pessoas”, lê-se no comunicado.

Durante a ação de protesto realizada na segunda-feira este tema esteve também presente. Recorde-se que a ação de protesto, organizada pela União dos Policiais do Brasil (UPB), que congrega mais de duas dezenas de entidades representativas de carreiras da segurança pública, mobilizou em todo o Brasil servidores de segurança pública que se mobilizaram frente a cada uma de suas unidades de trabalho, durante uma hora. O objetivo da manifestação passou por “chamar a atenção da sociedade e das autoridades para os inúmeros retrocessos que a categoria vem sofrendo com seguidas propostas do Governo federal contra os servidores públicos”.

As polícias brasileiras consideram agora que “é urgente que as autoridades do Ministério da Saúde, como gestoras do Plano Nacional de Imunização, e do Ministério da Justiça consertem esse grave equívoco”. “Igualmente os governadores, prefeitos e parlamentares, sobretudo a classe política que se elegeu sob a promessa de valorizar a segurança pública, tem que tomar providências para garantia da proteção desses agentes públicos mais expostos ao vírus. Infelizmente no país, pouquíssimos municípios já estão vacinando os profissionais da segurança pública”, refere.

A Fenadepol manifesta “inconformismo” por ver os profissionais da polícia “tendo que todo dia acordar e enfrentar o vírus sem proteção e se expondo a contrair a doença e se vitimarem por absoluta falta de gestão eficaz da crise sanitária que não consegue disponibilizar vacina para quem não pode se afastar das ruas e por consequência do vírus”.

“É urgente que tanto os chefes do Poder Executivo, como o Ministério da Saúde e o Ministério da Justiça, deem clara demonstração de eficácia na gestão da crise e comandem data certa para vacinação dos profissionais da segurança pública, bem como seja feito o que todos esperam do governo federal que é ofertar em quantidade suficiente vacinas para imunizar toda a população brasileira”, conclui.