Pandemia I – As vacinas, ilusão ou panaceia

A estratégia de vacinação, o plano feito à pressa, foram apenas determinados, mais uma vez, pela agenda mediática deste Governo. A preocupação com o protagonismo, invocando e dando voz aos técnicos e cientistas apenas para justificar as decisões menos simpáticas, são apenas mais um sinal do desgoverno, que a crise só veio destapar

por João Carlos Barreiras Duarte
Ex Administrador do British Hospital e Gestor Empresas

e por Carlos Novais de Araújo
Consultor Indústria Farmaceutica

Quando verificamos dia a dia, a evolução do número de pessoas vacinadas em Portugal, assalta-nos uma dúvida:

 – O objetivo da vacinação em massa, que justificou a aprovação limitada, condicionada ou de emergência das vacinas, não é a Imunidade de Grupo?

 – Era, mas foi esquecida pela voracidade mediática que define as agendas da maioria dos governantes deste país, como da EU.

Vacinar para as televisões, uns milhares de pessoas, ao ritmo que as vacinas vão chegando, cumpre aquele objetivo? Claro que não.

Vacinar profissionais de saúde (ainda nem 80% receberam a primeira dose) começar a vacinar idosos nos lares, mas não os idosos que vivem em suas casas, ir agora vacinar políticos e alguns idosos com mais de 80 anos, uns poucos mas não outros, esposas e não maridos, numa dispersão geográfica e demográfica sem sentido, contribuirá em algo para a imunidade de grupo? Claro que não.

A estratégia de vacinação, o plano feito à pressa, foram apenas determinados, mais uma vez, pela agenda mediática deste Governo. A preocupação com o protagonismo, invocando e dando voz aos técnicos e cientistas apenas para justificar as decisões menos simpáticas, são apenas mais um sinal do desgoverno, que a crise só veio destapar.

O coordenador da task force demite-se desse cargo, porque no hospital para o qual foi nomeado administrador, houve ‘vacinações indevidas’. Devia era ter-se demitido desse cargo bem remunerado. E na task force, impor as regras que não impôs e pôr a nu os problemas.

O ‘bullying’, para usar a palavra da própria, que a senhora ministra exerce quase diariamente sobre os portugueses, chamando de ‘criminosos’ aqueles que apontam erros e falhas, é só mais um sinal do porquê, estes governantes se acham no direito de auto decidir, se auto vacinar.

E agora, o prof. Carmo Gomes, retira-se do grupo oficial de peritos, por razões profissionais.

Mate-se o mensageiro se a mensagem que traz não nos agrada. É apenas mais uma vertente do costismo. Os críticos são criminosos, os céticos detratores.

Só há um órgão de soberania, cujo impedimento por doença grave ou morte, implica um processo demorado de substituição, com eleições: o Presidente da República. Só esse órgão se justificaria vacinar e até devia ter sido o primeiro.

Mas aberta a discussão, porque há de ser vacinada a líder parlamentar do PS e não o presidente da Câmara do Porto? Uma qualquer vice-presidente do Parlamento e não o comandante dos Bombeiros Municipais de Lisboa?

Sendo a Imunização de grupo, a única justificação para a vacinação em massa, só por isso, usando vacinas cuja eficácia (tempo de imunização) ainda não está completamente comprovada; sensato e razoável seria adquirir e armazenar vacinas suficientes para permitir depois, num curto espaço de tempo (três a quatro semanas) a vacinação de grupos de risco completos (maiores de 70 anos, profissionais de saúde), traduzindo-se isso na vacinação de pelo menos 3 milhões de pessoas, de forma quase simultânea.

Fazer a vacinação como está a ser feita, não cumpre o objetivo de construir a imunização de grupo – arriscamo-nos a ter estes vacinados agora à pressa sem imunidade quando chegue o próximo inverno – e cria riscos potenciais, pela falsa sensação de segurança nos vacinados e naqueles que os rodeiam, além de poder estimular novas mutações do vírus como resposta à presença da vacina em certos grupos da comunidade.