Novo Banco. Fundo de Resolução surpreendido com aumento de imparidades

Ainda esta sexta-feira, o Novo Banco anunciou a intenção de pedir mais 598,3 milhões de euros ao Fundo de Resolução.

O antigo presidente do Fundo de Resolução (FdR) garantiu que a entidade ficou surpreendida com o aumento de imparidades ao longo dos anos por parte do Novo Banco, não tendo sido detetadas irregularidades antes. “Esse problema das imparidades foi-nos sempre surpreendendo ao longo daqueles anos, 2015 e 2016”, disse José Ramalho, no Parlamento, onde esteve a ser ouvido na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução. 

De acordo com o responsável, não há dúvidas: sendo que o acionista à data era o Fundo de Resolução, “naquela situação o Novo Banco estava numa tenaz: por um lado tinha as imparidades a consumirem capital, o supervisor a exigir cada vez mais capital, e por outro lado os compromissos com a Comissão Europeia proibiam injeções de capital público”, acrescentando que a “única solução eram injeções de capital privado, mas os privados também sabiam desta situação, viam o banco a apresentar prejuízos constantes e viam as exigências de capital a crescer de modo discricionário”, pelo que “ o capital privado retraiu-se completamente”.

José Ramalho lembrou ainda que “quando começou o primeiro processo de venda [que veio a falhar], as projeções que havia do assessor financeiro era de que nesse ano de 2015 o Novo Banco ia ter um prejuízo marginal, de 100 ou 200 milhões de euros, uma coisa perfeitamente absorvível”.

Já em relação à solução da venda acordada com a Lone Star, considerou que foi a melhor do que a outra opção apresentada. “Estamos a falar da comparação de duas propostas da Lone Star. Uma que tinha o VEM [mecanismo de criação de valor], em que havia um conjunto de ativos identificados, de 7,8 mil milhões aos quais o Estado dava uma garantia total sem qualquer relação com a evolução dos rácios”, referiu.

Recorde-se que o Novo Banco revelou, na sexta-feira, que vai pedir mais 598,3 milhões de euros ao Fundo de Resolução, para fazer face aos prejuízos de 1329,3 milhões de euros relativos a 2020. Para já, o Presidente da República garantiu que é “prematuro” pronunciar-se sobre a matéria, apesar de admitir que é uma “prioridade garantir a estabilidade do sistema financeiro português e, dentro dele, do sistema bancário”. Já o primeiro-ministro afirmou que o pedido de capital do Novo Banco ao Fundo de Resolução “será apreciado”, mas considerou que “manifestamente ultrapassa” aquilo que se avalia ser devido.