Uma bomba na História humana!

Provavelmente, muitos de nós, estamos a sentir o esgotamento das diferentes situações da vida, para além dos sucessivos confinamentos a que temos sido votados, por causa da situação pandémica.  Emerge em nós o sentimento de desolação, de deslocação e de desmembramento da nossa existência. É como se algo de inaudito estivesse a assolar o nosso…

Provavelmente, muitos de nós, estamos a sentir o esgotamento das diferentes situações da vida, para além dos sucessivos confinamentos a que temos sido votados, por causa da situação pandémica. 

Emerge em nós o sentimento de desolação, de deslocação e de desmembramento da nossa existência. É como se algo de inaudito estivesse a assolar o nosso mundo. E é-o de facto.

A desolação que sentimos, tem a sua origem na diminuição das relações humanas que nos relegaram para uma espécie de redomas que nos impedem de nos darmos uns com os outros e de nos darmos uns aos outros. Na realidade, poucos tínhamos percebido que somos um animal essencialmente social. É uma desolação não nos darmos uns aos outros e, por isso, já nem estamos a respeitar o confinamento. Falta-nos o amor…

A deslocação que sentimos por nos relegarem para o lugar do nosso conforto – a casa – e que hoje serve de cresce, de escola, de escritório, de cozinha, de restaurante. A casa tornou-se pequena de mais para tanta gente a fazer tantas coisas. Falta-nos, porventura, fazer a coisa mais importante da nossa casa – descansar. Estamos deslocados para dentro das nossas casas e só nos apetece fugir delas.

Desmembrados da nossa existência, porque começamos a sentir a divisão da nossa própria vida. Há um membro de nós próprios, que se chama alma, que está intensamente atingida pelo isolamento e pela solidão face aos outros, mas principalmente face a Deus.

É como se o mundo que conhecemos até há um ano atrás se esteja, paulatinamente, a desmoronar. É como se as relações que cultivámos ao longo de décadas se tenham desvanecido em meses. É como se tudo estivesse a desaparecer.

Pode haver uma angústia latente a pulsar no coração de cada um de nós. Provavelmente, depois de terminar esta pandemia, não ficará pedra sobre pedra. Sinto que o sofrimento a que muitas famílias estão votadas é tão insuportável que não há estado social que possa reconstruir o que quer que seja.

Porque as medidas do Governo, da oposição e do Presidente da República são medidas sociais – de apoio social e económico aos diferentes setores. Porém, eu penso que deveríamos pensar num plano de recuperação das pessoas, das famílias e das crianças que ficarão afetadas por este período.

Aliás, se querem que vos diga, eu acho que há muito que andávamos a desolar-nos, a deslocar-nos e a desmembrar-nos. Há muito que nos andávamos a destruir. A situação pandémica e os sucessivos confinamento só evidenciaram o que já estava a crescer em potencia dentro de nós.

Sem dúvida de que o Governo e as autoridades deveriam agora chegar-se às religiões, às associações e às instituições de solidariedade e perguntar uma coisa: para além do apoio económico, como é que podemos ajudar a reconstruir os matrimónios, a levantar os abatidos sem esperança, os angustiados da sociedade. 

O dinheiro ajuda? Sim! Mas não é suficiente.

O dinheiro que se injeta na economia vai ajudar muito as famílias a manterem o seu estilo de vida, mas não vai trazer a paz que perdemos. Nenhum dinheiro, em causa algum, pode pagar um bem tão precioso como é a paz.

Estamos a viver a Páscoa. Há uma coisa que eu sei: a ressurreição de Jesus Cristo é uma bomba que rebenta com a morte e com a angústia dos que vivem prisioneiros. Eu sei que o experimento na minha vida que Jesus Cristo tem o poder de reconstruir a vida toda de toda a gente. 

Como diria São Pedro à porta do Templo a um paralítico: «Não temos ouro, nem prata. O que temos te damos: Em Nome de Cristo eu te ordeno, levanta-te». E naquele momento o paralítico começou a andar.