Pandemia explosiva

O inquérito sobre a pandemia, vai concluindo que o Governo foi imprevidente na compra de vacinas e o Presidente, comprovadamente, se negou a defender as medidas consagradas mundialmente…

Por Aristóteles Drummond

O Senado continua a avançar na apuração da responsabilidade do governo e, em especial do Presidente da República, nos números da pandemia, que, nesta semana, vão chegar perto dos 450 mil mortos. O depoimento do presidente da Agência Reguladora da Saúde (ANVISA), Antônio Torres, repercutiu pela confirmação de que foi aventada, em reunião no Palácio do Planalto, a inclusão na bula da cloroquina como indicada para o tratamento da covid-19 e que discorda do comportamento do presidente quanto ao não uso da máscara e de comparecer a aglomerações. O Presidente Bolsonaro, que indicou Alberto Torres, um respeitado oficial da Marinha, para o cargo, teria ficado muito irritado com os elogios recebidos por parte dos senadores e da mídia em geral. O Presidente insiste em comparecer a atos públicos sem máscara e a provocar aglomerações. As declarações de Bolsonaro de críticas a China podem estar atrasando a remessa de insumos para a fabricação da vacina Coronavac. E agora tenta evitar o depoimento do ex-ministro Pazuelo de qualquer maneira. 

• O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, está afastado do cargo para tratamento de saúde. E o do Rio, Eduardo Paes, pediu desculpas por ter participado de evento musical em um bar da cidade, sem máscara e sem o isolamento recomendado por ele e pela lei.

• A operação policial numa grande comunidade popular do Rio, com 28 mortes, sendo uma de policial, divide as opiniões. A oposição de esquerda considera que foi uma afronta ‘aos direitos humanos’. Mas a população apoia a ação policial, considerando as armas apreendidas e a maioria dos mortos com antecedentes criminais. Tudo no Brasil, hoje, é julgado por motivos ideológicos. Até defender marginais de alta periculosidade, como fazem os políticos mais à esquerda.

 NA ECONOMIA

• O saldo da balança comercial no mês de abril foi de impressionantes nove bilhões de euros equivalentes. Maior marca histórica. A robusta conta de reservas do país provocou uma variação do real face ao dólar de quase cinco por cento em duas semanas.

• Preocupações com a crise hidrológica. Termina a temporada de chuvas e os reservatórios abaixo do desejável geram um fato relevante. O acionamento das usinas termoelétricas, encarecendo a energia, pode ocorrer em breve.

• A demora na votação das reformas propostas pelo governo provoca queda na confiança do empresariado. A referente às mudanças nos impostos, simplificando um sistema que hoje conta com mais de 60 diferentes impostos, deve ser votada ‘em fatias’.

• A política de combate à inflação, que anda nos seis por cento em doze meses, incentiva a subida dos juros, que devem passar de 4% nas próximas semanas.
 
VARIEDADES

• Decisão do campeonato carioca será com o mais tradicional clássico do futebol: Fla x Flu. Será no Maracanã, sem público. Flamengo já classificado para as finais da Taça Libertadores. 

• A maior rede de livrarias do Brasil, Saraiva, com mais de cem anos, fundada por um português de Trás-os-Montes, Joaquim Inácio Saraiva, em 1914, em dificuldades, não conseguiu vender, em leilão judicial, parte de suas lojas. A empresa esteve presente em todo o Brasil. Entre os doze títulos mais vendidos, dez são de autores estrangeiros. Um religioso e outro de autoajuda são de brasileiros.

• Sociedade de capital aberto, a família Saraiva ainda tem assento nos órgãos governativos.

• A volta dos voos TAP para o Brasil, 25 por semana, registrou muita procura. As empresas americanas também estão sendo procuradas, especialmente com destino a Nova York, onde a vacinação vai estar disponível a turistas.

Rio de Janeiro, maio de 2021